Após ato golpista de Bolsonaro, MBL quer fazer 'nova Diretas Já' no domingo
Diante da ebulição política causada pelas falas golpistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em São Paulo, no último 7 de Setembro, os organizadores da manifestação do próximo domingo (12), contrárias ao capitão reformado, esperam que o evento seja maior do que o ato do último dia 7 de setembro favorável a Bolsonaro.
Diferentemente dos grupos que foram às ruas no último dia 7, espera-se um público mais alinhado ao centro e à centro-esquerda. Antes avessos à participação de políticos em suas manifestações, o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem Pra Rua demonstraram uma mudança de postura e esperam a participação de personalidades políticas "de todo o espectro ideológico desde que defendam a democracia e a Constituição Federal".
Na Paulista, apoiadores do presidente reuniram 125 mil pessoas, segundo estimativa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo — número bem abaixo dos 2 milhões de pessoas esperadas pelos organizadores. Neste domingo, o ato ocorrerá no mesmo local.
A reação precisa ser gigantesca. Por isso a gente está convidando lideranças de diversos espectros políticos, inclusive inimizades históricas do MBL."
Kim Kataguiri, um dos fundadores do MBL e deputado federal (DEM-SP)
A ideia é ter um movimento idêntico ao das Diretas Já, de 1983, que pedia a volta das eleições diretas. A ação, que foi um marco histórico na luta pela democracia brasileira, teve apoio de artistas, intelectuais e políticos que, no futuro, tornaram-se opositores, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Os organizadores também esperam a participação de Álvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo) e do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM). O próprio governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ontem que estuda estar presente no ato.
O movimento também convidou e quer convidar mais nomes à sua esquerda, como Orlando Silva (PCdoB). A deputada estadual Isa Penna (PSOL), o músico Tico Santa Cruz e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) também devem comparecer, assim como o MSTC (Movimento Sem Teto do Centro).
À reportagem, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), cogitada como uma possível candidata da chamada "terceira via", confirmou comparecimento na Paulista no dia 12.
O presidente do movimento Livres, Magno Karl, que também ajuda na organização do ato, diz que a adesão será maior após as declarações de Bolsonaro. "É importante que formemos uma frente antibolsonarista para que as ameaças institucionais não passem sem reação. É preciso mostrar que golpistas estão em minoria."
"A manifestação do dia 12 vai ser um marco em defesa pela democracia. A gente está ampliando o escopo da manifestação para ter um palanque democrático parecido com o das Diretas Já, juntando da esquerda à direita, centro-direita, liberais, conservadores. É para ser uma reação à manifestação golpista do dia 7 de setembro, de que o Bolsonaro saiu fortalecido", completou Kim Kataguiri.
Minha expectativa aumentou, justamente pelo pronunciamento do presidente. A pauta de domingo vai ser a defesa da democracia, e isso significa o impeachment do presidente. Vai agregar mais gente de diferentes correntes ideológicas, mas que estão ali para uma coisa: defender a democracia".
João Amoêdo, que irá aos atos de SP e do RJ
Sobre a participação de partidos de esquerda, o ex-candidato à Presidência diz ser favorável, mas ressalta que o ato não deve servir de palanque eleitoral — ele mesmo afirma que se subir ao carro de som será para agradecer a presença das pessoas.
"É importante deixar claro que a manifestação do dia 12 não pode ser manifestação de caráter eleitoral, de propaganda partidária, tem de ser de fato mais ampla, em defesa da democracia e do impeachemnt. Estou endossando que as pessoas vão de branco. Não é para palanque para 2022, é para tirar o presidente Bolsonaro", completa Amoêdo.
Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, diz que o partido — a principal sigla de oposição a Bolsonaro — não está convocando sua militância para o ato do dia 12. "Mas ninguém está impedido de participar de atos contra Bolsonaro. Achamos, entretanto, que só conseguiremos um movimento forte com a construção conjunta das forças democráticas de um grande ato, e estamos dispostos a isso", disse ao UOL, sem detalhar de quem seria a liderança desse movimento.
Em nota enviada na manhã desta quinta (9), o coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares), Raimundo Bonfim, afirmou que não convocará, nem participará da manifestação prevista para o dia 12 de setembro, organizada pelo MBL, Vem Pra Rua e o Novo.
"Esses grupos agendaram o dia 12 com o mote 'nem Bolsonaro, nem Lula'. Achamos importante e saudamos qualquer mobilização pelo fim desse governo genocida, porém, quem está de fato interessado em afastar o presidente da República não pode tomar partido na disputa eleitoral dessa maneira", afirmou "Não descartamos a abertura de um processo de diálogo para uma eventual manifestação de caráter mais amplo, mas isso deve ser feito desde o início, e sem veto ao uso de bandeiras de partidos e movimentos, tampouco com hegemonia de um dos polos."
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