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Caminhoneiros dizem que só desmobilizam atos após tratar do STF com Pacheco

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/09/2021 17h59Atualizada em 09/09/2021 19h53

Caminhoneiros recebidos hoje pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio do Planalto afirmaram que só vão desmobilizar atos pelo país após reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tratarem da atuação do STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente do Senado é o responsável por arquivar ou colocar em discussão processos de impeachment contra ministros do Supremo protocolados na Casa. Até o momento, o grupo não foi recebido por Pacheco e este não se manifestou sobre o pleito.

Em 25 de agosto, Pacheco rejeitou pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes feito por Bolsonaro.

Os bloqueios de caminhoneiros começaram anteontem, durante atos com pautas de caráter golpista em 7 de Setembro, e seguiram ao longo de quarta (8) e de hoje.

Um dos caminhoneiros recebidos por Bolsonaro, Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como "Chicão caminhoneiro", disse que o grupo tem a intenção de entregar um documento com reivindicações a Pacheco. Ele não quis citar quais seriam, mas confirmou não incluir debate sobre o preço de combustíveis neste momento.

"Permanecemos no aguardo de ser recebido pelo mesmo [Rodrigo Pacheco] e talvez exista algumas questões com relação a quanto tempo vai durar. Eu já antecipo para os senhores: estamos aguardando ser recebidos pelo senador Rodrigo Pacheco. Até que isso seja realizado, nós estamos mobilizados em todo o Brasil", declarou Burgardt.

Já um colega seu, identificado como Cleomar, de Sinop, no Mato Grosso, disse que "nossa pauta sempre foi STF via Senado".

A reunião no Planalto contou com a presença de Bolsonaro, do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e deputados federais bolsonaristas do PSL.

Segundo Burgardt, Bolsonaro não lhes pediu para desmobilizar bloqueios em estradas e o acampamento na Esplanada. No entanto, ontem, Bolsonaro pediu, em áudio, que os caminhoneiros liberassem as vias. O pedido foi reforçado por Tarcísio, que também participou do encontro no Planalto hoje.

Nos bastidores, o governo teme que a paralisação afete ainda mais a economia, com desabastecimento e aumento da inflação, por exemplo.

Em princípio, o ministro não deve se pronunciar sobre a reunião de hoje.

Hoje à tarde, a Polícia Militar do Distrito Federal tentava retirar caminhoneiros acampados na Esplanada dos Ministérios saíssem do local.

Questionados sobre o que vai acontecer se não forem recebidos por Pacheco, os caminhoneiros não informaram como agirão.

Burgardt se candidatou a vereador em Canoinhas, em Santa Catarina, pelo PRTB —mesmo partido do vice-presidente Hamilton Mourão— nas eleições municipais do ano passado, mas não foi eleito.

Deputados do PSL querem habeas corpus de Zé Trovão

Após a reunião no Planalto, os deputados bolsonaristas do PSL —Major Vitor Hugo (GO), Carla Zambelli (SP) e Bibo Nunes (RS)— anunciaram que vão entrar com pedido de habeas corpus em prol do caminhoneiro bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão.

Zé Trovão teve a prisão solicitada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes na última sexta-feira (3). Ele é acusado de promover a incitação de atos violentos contra o Congresso Nacional e o Supremo por meio das redes sociais e teria descumprido ordens cautelares determinadas anteriormente por Moraes.

A defesa de Zé Trovão informou que ele está no México e vai se entregar às autoridades locais.

Mesmo foragido, Zé Trovão continua gravando vídeos contra o Supremo. Nos vídeos, ele pede que caminhoneiros bloqueiem rodovias e que empresários fechem as empresas para "irem às ruas" e "salvar nosso Brasil". Ele nega apoiar Bolsonaro, mas, proteger a "família brasileira" e os "bons costumes".