Ex-candidato, PM amigo de Queiroz ganha cargo público em base eleitoral
Um aliado de longa data do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz ganhou espaço na gestão do governador do Rio, Cláudio Castro (PL).
Suplente de deputado federal e de vereador pelo PSL, o sargento da PM Luiz Carlos Chagas de Souza Júnior, conhecido como Chagas Bola, ocupa cargo de coordenador na Secretaria de Governo, na região que engloba os bairros da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá (zona oeste carioca), suas principais bases eleitorais. Ele foi indicado para o cargo em dezembro do ano passado, logo após as eleições.
Em nota, a Secretaria de Governo afirmou que o sargento trabalha "recebendo demandas da população e buscando soluções junto aos órgãos públicos do estado e município".
A pasta negou que ele tenha sido indicado por Flávio Bolsonaro e disse que sua escolha "se deu por questões técnicas". A reportagem o procurou por meio de suas redes sociais e da pasta, mas o PM não se manifestou.
Na manifestação de 7 de Setembro a favor do governo Bolsonaro, em Copacabana, Chagas foi fotografado com Queiroz —acusado de operar suposta prática de rachadinha para Flávio Bolsonaro— e com o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). A imagem viralizou nas redes sociais.
No ato, que teve pautas antidemocráticas, Chagas discursou num dos carros de som, dizendo que "não estão deixando o nosso presidente trabalhar".
Em junho de 2020, a polícia encontrou na carteira de Queiroz após sua prisão em Atibaia (SP) um cartão de visitas do PM, com o emblema de sua empresa de segurança, o Grupo Lewis. À época, ele afirmou à Revista Crusoé que era amigo de Queiroz e que não tinha prestado serviços a ele.
A reportagem procurou Flávio Bolsonaro, por meio de sua assessoria, e a defesa de Fabrício Queiroz, mas eles não se manifestaram.
Ação em base eleitoral e fotos com autoridades
O sargento foi cedido pela PM à Secretaria de Governo em dezembro do ano passado. Em janeiro, já postou vídeos em suas redes sociais atuando em Jacarepaguá com o crachá da pasta em obra da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto do RJ) e em uma ação de acolhimento de moradores de rua.
"A luta continua, Chagas Bola incansável, hoje representando o governo do estado. Quero também agradecer o nosso governador Cláudio Castro e parabenizar pelo excelente trabalho. Estamos juntos, pessoal. Jacarepaguá tem representante agora", afirmou em vídeo de 21 de janeiro.
Apesar de ter sido cedido em dezembro, o PM só ganhou oficialmente o cargo de coordenador regional da Subsecretaria de Integração Governamental e de Projetos Especiais, subordinada à pasta de Governo, no dia 4 de março.
Além do salário da PM, de R$ 6.698,85, passou a receber mais R$ 9.122,58.
Nas redes sociais, tem divulgado programas como o Segurança Presente, de policiamento comunitário, e a Marcha pela Cidadania e Ordem, voltada principalmente ao acolhimento de moradores de rua.
Chagas Bola também aparece em eventos ao lado de Cláudio Castro e registrou fotos tanto com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto com o governador durante encontro em maio no Rio.
Nesta segunda (13), ele publicou um vídeo da troca de comandante do batalhão da PM de Jacarepaguá afirmando que estava na cerimônia representando Castro.
Suplente de deputado e de vereador
Desde 2016, o sargento da PM vem tentando vingar na política. Na primeira tentativa, como candidato a vereador pelo PSC, conseguiu somente 3.537 votos e não foi eleito.
Em 2018, ao tentar uma vaga de deputado federal pelo PSL, foram 28.135 votos, o que lhe garantiu a segunda suplência do partido. Já em 2020, foi o segundo mais votado da legenda para vereador (6.164 votos), ficando com a primeira suplência.
Das quatro zonas eleitorais em que Chagas Bola teve melhor desempenho na última eleição, duas ficam em Jacarepaguá e duas na Barra da Tijuca. Somente nelas, ele conseguiu 2.812 votos —mais de um terço de seu total de votos.
Nas campanhas, o PM sempre contou com o apoio da família Bolsonaro. Em 2020, o próprio presidente gravou vídeos pedindo votos para o sargento (veja abaixo).
No mesmo ano, a campanha de Chagas teve um investimento de R$ 458 mil, sendo R$ 300 mil da direção nacional do PSL e R$ 92 mil do próprio bolso. O policial declarou patrimônio de R$ 3,1 milhões, sendo R$ 400 mil de dinheiro em espécie.
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