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'Micareta' de bolsonaristas tem visita de Queiroz e frases golpistas no Rio

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

07/09/2021 13h30

Quem chegasse na praia de Copacabana neste feriado de sol poderia achar que estava em um bloco de Carnaval. Com muita cerveja e churrasquinho, o ato favorável ao presidente Jair Bolsonaro assumiu ares de micareta neste 7 de setembro e só foi facilmente identificado pela profusão de roupas e bandeiras nas cores do Brasil, além de cartazes e placas com frases antidemocráticas.

Fabrício Queiroz, policial denunciado como operador do esquema das "rachadinhas" do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, foi visto no ato —apareceu com a camisa do Brasil, ao lado do filho Felipe.

queiroz - Reprodução/Globo News - Reprodução/Globo News
Queiroz (de óculos) durante manifestação bolsonarista no Rio
Imagem: Reprodução/Globo News

Já na concentração, que começou às 9h, vendedores ambulantes vendiam muitas garrafas de cerveja para quem chegava — a preferência era uma de marca estrangeira. Mas houve quem não quisesse arriscar ficar sem a cerveja e trouxesse o próprio cooler de casa de casa.

À medida que as milhares de pessoas foram chegando à orla de Copacabana, os quiosques e bares ficaram lotados para atender a demanda. Por cerca de três quarteirões, os estabelecimentos das ruas de acesso à Avenida Atlântica também receberam aqueles que preferiam sentar no bar a ficarem de pé na orla.

Na esquina da rua Domingos Ferreira com a Bolivar, a uma quadra da praia, o chope era acompanhado de uma apresentação de pagode. O grupo itinerante procurava agradar o público e escolheu cantos como "Eu sou brasileiro/Com muito orgulho/Com muito amor" e trechos do hino nacional.

Enquanto isso, aqueles que se mantinham firmes debaixo do sol de quase 30°C próximos a um dos seis carros de som recorriam aos ambulantes.

Por volta de 13h, alguns vendedores saíram da orla em busca de mais cerveja e gelo para atender a demanda dos manifestantes. O gelo era o item de mais difícil acesso. Um caminhão completamente abastecido já não tinha mais como atender aos pedidos nesse horário, gerando uma espécie de maratona para conseguir gelar as cervejas e voltar para a orla.

Oficialmente, nenhum vendedor topou falar com a reportagem. Mas em conversas informais, eles confirmaram que as vendas foram alta na manhã de hoje.

Além das bebidas, muitos vendedores ambulantes serviam churrasquinho no espeto e outras comidas de rua. Na beira da praia, um grupo fazia seu próprio churrasco enquanto outro apoiava uma porção de batata frita ao lado das latas de cerveja.

Ato assume tom antidemocrático

Como de costume nos recentes atos bolsonaristas, palavras de ordem antidemocráticas eram gritadas do alto dos caminhões. Foram dezenas de nominais aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, além de xingamentos a figuras da esquerda, como o ex-presidente Lula.

Eram seis carros de som com discursos paralelos, que iam desde a aversão às vacinas contra a covid-19 até gritos de "Eu autorizo" — uma "autorização" para Jair Bolsonaro fazer o que queira para "consertar o país", explicaram.

Ao mesmo tempo, paródias da direita, que xingavam feministas e comunistas eram cantadas a plenos pulmões. Os refrões faziam subir bandeiras, exatamente como num bloco de Carnaval.

O grupo que esteve presente no ato era heterogêneo. Havia famílias inteiras, com crianças e idosos. É a segunda vez que um ato bolsonarista assume tons de "passeio de família" na orla de Copacabana. O último, em 1º de agosto, manteve as mesmas características.

Não houve registro de violência até as 13:15. A Polícia Militar não faz estimativa de público.