Michelle agiu para favorecer amigos em programa emergencial, diz revista
A primeira-dama Michelle Bolsonaro agiu para favorecer empresas de amigos na busca por créditos de programas emergenciais da Caixa durante a pandemia do novo coronavírus, diz reportagem publicada hoje pela revista Crusoé.
De acordo com a revista, documentos indicam que Michelle tratou do tema pessoalmente com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Um e-mail divulgado pela publicação mostra uma assessora da primeira-dama avisando sobre o envio de "documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado créditos a juros baixos". A mensagem ainda faz referência a uma conversa telefônica entre Michelle e Pedro Guimarães sobre o assunto.
A revista diz que a Caixa chegou a abrir uma apuração interna depois que o sistema de controle detectou um "fato estranho". A auditoria, ao analisar processos de concessão de empréstimo, identificou a sigla PEP (acrônimo para 'pessoa exposta politicamente") e chegou a uma lista de indicações feitas pela primeira-dama, que incluía pessoas próximas a ela como a dona de uma rede de confeitarias de Brasília.
Segundo a Crusoé, os integrantes da lista aprovados foram enquadrados no Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e não há indícios de que os valores liberados extrapolassem os limites previstos pela lei.
Porém, diz a revista, o processo para obtenção de crédito contrariou o fluxo normal, recebendo uma espécie de "tratamento vip". A maioria das operações de crédito se deu em uma mesma agência, em Taguatinga, que segundo a reportagem foi visitada por auditores que descobriram uma pasta "Indicações" no sistema de computadores. Ela concentraria os pedidos enviados por superiores do banco a respeito destas demandas.
Além da confeiteira, a lista tinha uma empresa com duas lojas em Brasília que já teria sido promovida pela primeira-dama e outras marcas que fazem parte do que a revista chama de um "círculo pequeno de gente bem relacionada" e de indicados por eles.
O Pronampe foi instituído em 2020 como medida emergencial de enfrentamento ao impacto econômico da pandemia da covid-19. Segundo a Caixa, foram concedidos R$ 22 bilhões em empréstimos a mais de 240 mil micro e pequenas empresas.
Em contato com o UOL, a Caixa disse que "submete as empresas ao seu rigoroso processo de governança, compliance e análise de riscos", que é feito mediante processo totalmente automatizado, independente e sem interação humana"
Porém, a empresa não respondeu diretamente sobre a investigação interna citada pela revista e não esclareceu se os prazos de liberação de crédito para as empresas indicadas por Michelle respeitaram o rito normal.
O Planalto, por meio da Secretaria de Comunicação, também não retornou o contato. O canal segue aberto e o texto será atualizado caso a primeira-dama retorne os questionamentos.
Veja na íntegra a nota da Caixa:
A CAIXA informa que a concessão de crédito para empresas no âmbito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE) exige obrigatório enquadramento prévio pela Receita Federal do Brasil, de onde advém, portanto, a lista de empresas que podem ser analisadas.
A partir da lista da Receita Federal, a CAIXA submete as empresas ao seu rigoroso processo de governança, compliance e análise de riscos.
O rito de análise de riscos na CAIXA ocorre mediante processo totalmente automatizado, independente e sem interação humana.
A CAIXA concedeu mais de R$ 22 bilhões de empréstimos pelo PRONAMPE, para mais de 240 mil Micro e Pequenas Empresas (MPE), todos eles obedecendo ao mesmo rito interno.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.