Marcelo Freixo: 'Não tenho dúvidas que Bolsonaro e os filhos serão presos'
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) disse não ter "dúvidas" que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos, sem especificar quais, serão presos por terem "cometido crimes".
Em entrevista ao podcast "Flow", no YouTube, o parlamentar afirmou que não possui qualquer "dúvida que o Bolsonaro vai ser preso" e alertou que isso "pode não ser agora, mas o Bolsonaro e seus filhos serão presos, porque eles são criminosos".
Ao citar os supostos crimes cometidos pelo presidente e seus filhos, Freixo fez referência ao escândalo da rachadinha, esquema criminoso caracterizado quando uma pessoa, no exercício de um mandato público, obriga os funcionários de seus gabinetes, pagos com dinheiro público, a devolverem parte de seus salários.
A família Bolsonaro se viu envolvida no escândalo das rachadinhas pela primeira vez em 2018, quando o hoje senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) se tornou alvo de uma investigação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que acusa o político de reter parte dos salários de seus funcionários na época em que era deputado estadual.
Além de Flávio, o próprio presidente é suspeito de fazer uso da prática na época em que era deputado federal, bem como o filho 02 do mandatário, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Amigo íntimo da família presidencial, Fabrício Queiroz é apontado como braço direito de Flávio naquilo que o MP-RJ classificou como um esquema criminoso, liderado pelo filho 01 de Jair.
O filho 02 do presidente, Carlos, também é apontado como líder de uma suposta organização criminosa, conforme mostrou a colunista do UOL, Juliana Dal Piva.
A prática da rachadinha foi tipificada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como caso de corrupção que causa danos ao erário público e pode tornar inelegível o agente público pego nessa prática criminosa, ao condenar, em setembro, a ex-vereadora Maria Helena Pereira Fontes (PSL-SP).
Em março, o UOL detalhou como funcionava a "anatomia da rachadinha" dentro da família Bolsonaro, com indícios de que o esquema criminoso também ocorria nos gabinetes do hoje presidente da República.
Marcelo Freixo cita crimes de Bolsonaro contra a saúde pública
Ainda na entrevista ao "Flow", o deputado federal Marcelo Freixo explicou por que ele é a favor do impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo contou, o mandatário "cometeu vários crimes" contra a saúde pública durante sua gestão no enfrentamento à pandemia de coronavírus e cita, por exemplo, as denúncias de corrupção envolvendo a tentativa de compra de imunizantes da Covaxin, além do fato de o governo federal ter ignorado e-mails da Pfizer com ofertas de vacinas. As negociações para a compra das doses foram canceladas em julho, depois do caso ir parar na CPI da Covid.
"Ele [Jair Bolsonaro] cometeu vários crimes contra a saúde pública. Não comprou vacina, [houve tentativa de] superfaturamento na compra de vacina, não respondeu os e-mails da Pfizer", apontou.
O parlamentar destaca que o presidente foi avisado pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) que membros do governo estavam envolvidos em um suposto esquema de corrupção com a farmacêutica indiana Bharat Biotech e, ao ser informado, teria dito que "o esquema é do fulano de tal", em alusão ao deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara - o político paraense nega as acusações feitas por Miranda e seu irmão, o servidor público do ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda.
"[Bolsonaro] foi avisado. O Luis Miranda foi [até] ele e avisou: 'Estão comprando a Covaxin com propina'. Ele falou: 'Ah, isso aí é esquema lá do fulano de tal'. Isso foi dito numa CPI e ele nunca negou. É muito grave, tem crime cometido por ele e por isso ele tem que sofrer o impeachment", declarou Freixo.
A denúncia de corrupção envolvendo o contrato da compra de 20 milhões de doses da Covaxin ao preço de R$ 1,6 bilhão pelo governo brasileiro se tornou foco da CPI da Covid em junho, após os irmãos Miranda denunciarem o esquema.
À Comissão, Luis Miranda disse que Jair Bolsonaro teria citado o nome de Ricardo Barros como um dos responsáveis. Assim como Barros, o Planalto também nega irregularidades, mas o presidente já admitiu que Miranda, de fato, o avisou sobre o suposto esquema criminoso.
No mês passado, durante o UOL Entrevista, o senador e relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apontou que Jair Bolsonaro cometeu crime de corrupção no caso da Covaxin. Segundo ele, o mandatário prevaricou em relação às denúncias na negociação do imunizante.
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