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Diretório do PSL será o maior beneficiado da fusão com o DEM

Presidente do DEM, ACM Neto (esq.) deve assumir secretaria-geral do novo partido - Lucas Valença/UOL
Presidente do DEM, ACM Neto (esq.) deve assumir secretaria-geral do novo partido Imagem: Lucas Valença/UOL

Lucas Valença*

Do UOL, em Brasília

06/10/2021 11h01Atualizada em 06/10/2021 14h26

Em evento em Brasília, os presidentes do DEM (Democratas), ACM Neto, e do PSL (Partido Social Liberal), Luciano Bivar, anunciaram a 'fusão' entre as legendas para a criação do partido 'União Brasil'. Antes do evento de divulgação da junção, os diretórios de ambos os partidos decidiram em favor da união - o PSL por votação e o DEM por aclamação.

Para os dois partidos, a junção é entendida por integrantes das próprias legendas como sendo uma questão de sobrevivência. No entanto, o maior favorecido com a união será a atual cúpula do PSL, já que ficarão com as principais funções na diretoria da União Brasil e comandarão a maioria dos diretórios estaduais.

A junção, porém, contemplará as pretensões eleitorais do atual presidente do DEM, ACM Neto, que almeja concorrer ao governo da Bahia, contra o possível candidato do PT, o senador Jaques Wagner.

Com a 'fusão', como vem sendo chamado pelos integrantes das duas legendas, o atual representante do DEM deverá ser beneficiado com parte dos recursos do fundo eleitoral e do tempo de televisão, que serão incorporados na união pelo PSL.

Fora da disputa local da Bahia, porém, o Democratas poderá perder protagonismo com a decisão de ambas as cúpulas, mesmo possuindo vários quadros já consagrados na política, como o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

Por outro lado, o DEM entregará ao novo partido uma maior capilaridade nos municípios, com o atual comando de 459 prefeituras e um número ainda maior de vereadores.

No DEM, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni se colocou contrário à fusão, assim como representantes do partido no Rio Grande do Sul. Porém, a aprovação da fusão ocorreu por aclamação.

O evento também contou com presença dos ministros da Segurança Pública, Anderson Torres (PSL), e da Agricultura, Tereza Cristina (DEM).

ACM Neto (esq) e Onyx Lorenzoni (dir) assinam lista de presença em reunião do DEM que definiu fusão com PSL - Lucas Valença/UOL - Lucas Valença/UOL
ACM Neto (esq) e Onyx Lorenzoni (dir) assinam lista de presença em reunião do DEM que definiu fusão com PSL
Imagem: Lucas Valença/UOL

União Brasil

Como já acordado nos bastidores, a nova legenda terá o deputado federal Luciano Bivar (PE) na presidência, sendo que ACM Neto ficará na Secretaria-Geral do partido.

A tesouraria da legenda, que será responsável por gerenciar os recursos financeiros da União Brasil, também ficará sob o comando do PSL. A indicação de Maria Emília Gonçalves de Rueda para a função foi do vice-presidente do partido, o advogado Antonio de Rueda. Ambos são sócios da advocacia Rueda e Rueda

Há estimativas feitas por integrantes do próprio partido que o atual comando do DEM deverá exercer influência em sete a 10 diretórios estaduais. Os demais 17 órgãos locais, porém, deverá ficar sob influência de Bivar.

Perda de protagonismo

Recentemente, o DEM se enfraqueceu após seis de seus deputados da Bahia retirarem o apoio ao candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB), apoiado pelo então presidente Rodrigo Maia (sem partido), que integrava o DEM à época.

A perda de apoio se deu após acordo do DEM da Bahia com Bolsonaro. Dentro do que foi acordado, estava a permanência de nomes ligados ao deputado Eumar Nascimento (DEM-BA), do mesmo estado de ACM Neto, na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

O parlamentar também estava cotado para assumir a presidência da CMO (Comissão Mista de Orçamento) à época da eleição no Congresso, mas o comando do colegiado acabou ficando à época com a então deputada federal Flávia Arruda (PL-DF).

É dado como certo que o PSL perderá entre 20 e 25 deputados mais alinhados ao bolsonarismo, já que estes devem seguir o presidente Jair Bolsonaro, ainda sem partido, na nova legenda que o mandatário vier a escolher.

*Colaborou Fábio Castanho, de São Paulo.