Joel: Bolsonaro mantém fala antivacina por medo de perder base mais radical
O comentarista do UOL Joel Pinheiro declarou hoje, durante o UOL News, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantém discurso antivacina porque tem medo de desagradar a sua base ultrarradical.
"Eu acho que o Bolsonaro ainda tem medo de desagradar essa base ultrarradical dele. Uma base minoritária da população dentro da qual mesmo que grande parte dessas pessoas se vacinem, elas ainda precisam ouvir o discursinho antivacina. O discurso dos riscos 'enormes' que as vacinas trariam, os discursos de que 'não, é meu 'direito individual de não me vacinar'."
Na manhã de hoje, o chefe do Executivo voltou a adotar uma retórica contrária ao uso de vacinas contra covid-19 tendo como base dados e informações erradas no momento em que o país alcançou 100 milhões de pessoas com o ciclo vacinal completo e uma forte redução do contágio e mortes pelo coronavírus.
Em entrevista nesta quinta à Rádio Novas de Paz, de Pernambuco, Bolsonaro afirmou que a vacina ainda é uma interrogação e disse que discutir a imunização "virou crime", apontando que quando ele questiona os imunizantes, logo é chamado de negacionista.
"Quando você começa a discutir vacina, virou mais do que um tabu, virou crime. Vem logo o pessoal te acusando de negacionista, terraplanista, um montão de coisas", disse.
"Agora a vacina ainda é uma interrogação", emendou.
Apesar da fala, no entanto, dados e estudos do próprio governo e de instituições de pesquisa governamentais, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entretanto, comprovam que a redução do número de infectados e óbitos por covid-19 se deu principalmente com a ampliação da vacinação no Brasil.
O colunista do UOL destacou que não conhece ninguém que deseja violar o "direito individual", discurso usado por Bolsonaro e outras pessoas antivacina, para obrigar toda a população a se vacinar, mesmo a ciência mostrando a efetividade da vacinação no país e no mundo.
Joel ainda ressaltou que há muitos antivacinas "críticos", até mesmo apoiadores do presidente, que se dizem contrários a imunização, no entanto, já se vacinaram ou serão imunizados.
"É um discurso dele [Bolsonaro] que eu acredito que ele só mantém para não perder essa adesão fanática dessa minoria que também é incoerente porque mesmo nessa minoria a maior parte já se vacinou ou vai se vacinar", explicou.
O colunista do UOL Leonardo Sakamoto concordou com Joel e disse que nem o "Bolsonarismo mais hard" conseguiu destruir a cultura da vacinação presente no Brasil, fortalecida pelo trabalho do SUS (Sistema Único de Saúde).
*Com informações da Reuters
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