AGU sugere capa exaltando Bolsonaro ao pedir direito de resposta à IstoÉ
A AGU (Advocacia-Geral da União) enviou hoje, à revista IstoÉ, um pedido de resposta devido a uma reportagem que chama o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "mercador da morte" por suas ações na pandemia de covid-19. Na capa da edição, publicada no último dia 15, Bolsonaro é comparado ao ditador nazista Adolf Hitler.
Por meio de uma notificação extrajudicial, a AGU pede que a IstoÉ publique uma nota de autoria do governo, que lista ações do Executivo no combate à pandemia, e ainda sugere uma nova capa a ser publicada pela revista. No documento, a AGU informa que pode adotar medidas judiciais se não tiver resposta no prazo de 7 dias.
A capa da revista estampa uma foto do rosto de Bolsonaro com a palavra "genocida" escrita acima dos lábios, em alusão ao bigode usado por Hitler. Abaixo da imagem, aparece o texto "As práticas abomináveis do mercador da morte". Nas páginas internas, o título da reportagem é "O arquiteto da tragédia".
Já a capa pedida pela AGU mostra três imagens do presidente: abraçando dois jovens, acenando para o público e desfilando em carro aberto, acompanhado de crianças e vestindo a faixa presidencial. Na montagem, o texto passa a ser "Governo Bolsonaro defendeu a vida, o emprego, a liberdade e a dignidade".
O UOL perguntou à IstoÉ se a revista pretende acatar o pedido de direito de resposta, e se o fará nos termos pedidos pela AGU. A resposta será incluída assim que for recebida.
O pedido
Com base em informações atribuídas ao relatório final da CPI da Covid, a revista afirma que Bolsonaro "patrocinou experiências desumanas inspiradas no horror nazista durante a pandemia". Segundo um trecho da reportagem, o presidente "reproduziu na medicina métodos comparáveis aos do Terceiro Reich, que levaram a milhares de mortes por meio de ações cruéis".
Na notificação, a AGU alega que a reportagem "não condiz com a verdade dos fatos", porque teria omitido "os programas e avanços públicos desenvolvidos pelo Estado Brasileiro na seara da saúde desde o início da crise sanitária".
Segundo a nota sugerida no pedido de reparação, a IstoÉ deverá publicar que a reportagem foi "um desavergonhado ataque contra todos os brasileiros e contra a humanidade inteira".
"Comparar este governo a um que planejou e executou o extermínio do próprio povo é um artifício ao mesmo tempo ridículo, pueril, acintoso e criminoso. E chega a ser um deboche com a inteligência de quem ainda lê esta revista", diz um trecho da nota exigida pela AGU.
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