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Sem consenso, senadores de CPI desistem de sugerir indiciamento de Guedes

2 out. 2020 - Paulo Guedes, ministro da Economia, durante entrevista coletiva em frente ao ministério, em Brasília - Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
2 out. 2020 - Paulo Guedes, ministro da Economia, durante entrevista coletiva em frente ao ministério, em Brasília Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Lucas Valença e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

25/10/2021 21h51Atualizada em 26/10/2021 06h57

Senadores da CPI da Covid desistiram de sugerir o indiciamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, após falta de consenso sobre o assunto, informou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) hoje à noite ao chegar à última reunião do G7, grupo majoritário que reúne oposicionistas e senadores considerados independentes.

Randolfe era um dos principais senadores que encampavam a sugestão de indiciamento de Guedes. Ele já disse haver documentos do Ministério da Economia com indícios de que a pasta "utilizou e adotou a estratégia da imunidade de rebanho".

Agora, a justificativa do senador é que não se deve prejudicar ainda mais a economia brasileira com a eventual inclusão do nome do ministro no relatório final. Ele citou o agravamento da alta da inflação e da cotação do dólar como exemplos de possíveis consequências.

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Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, durante sessão da comissão
Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Parlamentares da oposição tinham aumentado os esforços contra o representante da Economia depois que a existência de uma offshore em paraíso fiscal do ministro, com investimentos em dólar, foi divulgada pela ICIJ (Consócio Internacional de Jornalistas Investigativos).

Votação do relatório acontece nesta terça-feira (26)

O relatório final da CPI da Covid está programado para ser votado a partir das 10h. Mudanças e ajustes de última hora ainda estão sendo negociados entre os senadores do colegiado. Uma das alterações é a inclusão de mais 10 nomes na lista de sugestões de indiciamentos do documento final.

O texto de 1.180 páginas apresentado pelo relator Renan Calheiros na última quarta-feira (20) sugeria o indiciamento de 66 pessoas e duas empresas. Entre eles estão o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e três de seus filhos: o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Segundo Rodrigues, há conversas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que suspenda ou nem abra a sessão deliberativa do plenário com o objetivo de não impedir o prosseguimento dos trabalhos da CPI ao longo da tarde.

Para o relatório ser aprovado, é necessário ter o apoio da maioria dos membros da comissão (ou seis votos). A CPI é composta por 11 senadores titulares (com direito a voto), entre os quais o relator, sendo sete de oposição ao governo Bolsonaro ou independentes, o chamado G7. Quatro fazem parte da base governista.

Após a deliberação do plenário da comissão, as sugestões do relator serão encaminhadas aos órgãos de fiscalização e controle, sobretudo o MPF (Ministério Público Federal), por meio da PGR (Procuradoria-Geral da República); e o Ministério Público dos estados (com foco no Distrito Federal e em São Paulo, onde já existem investigações em andamento).