'Constrangimento', diz vice da Câmara sobre dividir partido com Bolsonaro
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), classificou como um "constrangimento profundo" a possibilidade de ter que dividir o partido com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Espera-se que o chefe do Executivo anuncie oficialmente nos próximos dias sua chegada à sigla presidida pelo ex-deputado federal, Valdemar da Costa Neto.
"Eu não tenho como negar que é um profundo constrangimento para mim dividir o mesmo partido com o presidente Bolsonaro (...) Eu não vou tomar nenhuma decisão precipitada, vou esperar a oficialização disso para me manifestar sobre minha vida partidária. Mas o que posso dizer é que é um constrangimento profundo para mim porque eu não considero que o presidente Bolsonaro seja bom para o futuro do país", disse Ramos hoje, em entrevista à CNN.
Ramos disse ainda que foi comunicado sobre a possibilidade de o mandatário se filiar à legenda por Costa Neto, mas deixou claro que "não existia nenhuma possibilidade de estar no palanque do presidente Bolsonaro".
Desde que deixou o PSL, devido a desentendimentos com a cúpula da sigla, Bolsonaro tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel a tempo.
O partido de Valdemar Costa Neto entrou na disputa pela filiação de Bolsonaro há duas semanas, quando integrantes do PL se reuniram com aliados do presidente para tratarem sobre o tema. Nas redes sociais, Costa Neto chegou a publicar um vídeo em que afirmou que a legenda buscará "protagonismo" no pleito eleitoral de 2022.
Divisão do PL
A ala conservadora do PL recebeu bem o ingresso de Bolsonaro ao partido. Para o vice-líder do PL e um dos líderes da bancada evangélica, o deputado federal Lincoln Portela (PL-MG), a escolha é positiva para a democracia. "A aliança é boa para o presidente e para o PL. As ideias comungam, o partido vota em 93% com o presidente da República, e é liberal. A expectativa é boa e tudo já está ajustado", disse ao UOL.
Mais cedo, o senador Welington Fagundes (PL-MT) considerou que as diferenças regionais do PL podem levar a um racha interno. "É possível ter coligações diferentes, até porque na legislação não tem verticalização", disse a jornalistas.
* Com informações da reportagem de Weudson Ribeiro, colaboração para o UOL, em Brasília
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