Leite diz que PSDB precisa ajudar país a 'furar polarização' e cutuca Doria
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), avaliou, em entrevista ao jornal O Globo, que as eleições de 2022 sejam talvez as mais importantes da História recente e que seu partido precisa ajudar o país a encontrar uma alternativa para "furar" a polarização, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que aparecem na frente em pesquisas recentes.
Leite disputou as prévias tucanas à Presidência da República, mas acabou derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria. Ele defendeu que a legenda busque viabilizar a candidatura de Doria, mas tenha "disposição para discutir com outras forças políticas" e cutucou o governador paulista, dizendo que quer ajudar, "mas não se consegue ajudar quem não presta ajuda a si mesmo".
Questionado se pretende se engajar na campanha de Doria, o governador gaúcho disse que "naturalmente, o candidato do meu partido é aquele que tem a preferência do meu apoio", mas defendeu que o colega precisa mostrar sua viabilidade daqui para frente, algo que ele acredita que Doria tem condições de fazer.
Leite, no entanto, destacou que os dois têm "estilos e métodos diferentes de fazer campanhas" e que sua participação será até onde isso possa ser compatibilizado.
Não entendo que a gente [PSDB] possa entrar nesse processo simplesmente para defender um nome ou para defender o próprio partido. A gente tem que ajudar o país a encontrar alternativa para furar essa polarização. Vamos buscar viabilizar essa candidatura (de Doria), mas temos que ter disposição para discutir com outras forças políticas. Aí que digo que temos estilos diferentes. Eu quero ajudar, mas não se consegue ajudar quem não presta ajuda a si mesmo. Importante que haja disposição do candidato agora escolhido na construção dessa convergência do centro Eduardo Leite, em entrevista ao jornal O Globo
Sobre o processo das prévias, Leite disse que não tem elementos para fazer acusações, mas que houve denúncias e que alguns episódios "precisam de esclarecimento".
Ele afirmou ainda que não pretende deixar o partido, mas que espera que o PSDB "não perca sua conexão nem se afaste ainda mais da origem" e que não pretende concorrer a outro cargo eletivo no ano que vem e concluirá seu mandato.
'Conversa com Moro é muito importante'
Questionado sobre a possibilidade de entendimento do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) com o PSDB, Leite destacou que ele é uma figura conhecida, mas tem uma rejeição que precisa ser trabalhada "pelas escolhas que fez em sua vida política". Moro foi ministro no governo Bolsonaro (sem partido).
"Agora, é fundamental que se tenha discussão sobre projetos. Se for para ter algum tipo de aliança, será em torno do quê? Não pode ser apenas em torno de quem."
Um dia após vencer as prévias, Doria disse, em entrevista à CNN, ter uma boa relação com Moro e que uma aliança com o ex-juiz é possível.
Sobre a possibilidade de o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) formar uma chapa com Lula, Leite disse desconhecer em quais termos se dão as conversas e que pretende falar com ele em breve sobre o assunto.
O ex-governador se reuniu ontem com presidentes de centrais sindicais e voltou a fazer acenos a uma hipótese de dobradinha com o petista.
"Eu o tenho como um bom exemplo de homem público e pretendo trocar ideias, mas espero que a gente possa viabilizar alguma alternativa no centro, e não simplesmente o menos pior", afirmou Leite.
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