Foi conluio de Moro e Dallagnol, diz defesa de Lula sobre caso tríplex
Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram a condução do processo no caso do tríplex do Guarujá (SP) pelo ex-juiz, ex-ministro da Justiça e agora pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro e o ex- procurador Deltan Dallagnol.
Ontem, o MPF (Ministério Público Federal) reconheceu a prescrição do processo contra Lula e pediu o arquivamento do caso com base na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), proferida em plenário em abril de 2021, que já havia anulado as condenações de Lula.
Em nota enviada hoje ao UOL, os advogados do petista, Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins, citaram "conluio" de Moro e Dallagnol para retirar o ex-presidente da disputa eleitoral de 2018.
"O pedido de arquivamento apresentado pelo MPF deve pôr fim a caso que foi construído artificialmente a partir do conluio do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol para prender o ex-presidente Lula, retirá-lo das eleições de 2018 e para atacar indevidamente sua reputação, tal como sempre sustentamos", diz a nota.
No processo que ficou conhecido como caso do tríplex, Lula é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
A decisão assinada ontem pela procuradora da República Márcia Brandão Zollinger argumenta que o STF "decretou a nulidade de todos os atos decisórios" do então juiz federal Sergio Moro, "razão pela qual foram tornados sem efeito todos os atos que consubstanciaram marcos interruptivos da prescrição".
"Manobras jurídicas", diz Moro
Moro criticou hoje o pedido de arquivamento do caso tríplex pelo MPF nas redes sociais e disse se tratar de "manobras jurídicas".
Ele ainda defendeu que "crimes de corrupção deveriam ser imprescritíveis, pois o dano causado à sociedade, que morre por falta de saúde adequada, que não avança na educação, jamais poderá ser reparado."
Deltan Dallagnol fala de alegação "fantasiosa"
Juristas concordam com tese de prescrição
Segundo juristas consultados pelo UOL, a idade de Lula (76 anos), o período dos fatos considerados criminosos e o tamanho das punições contribuem para o reforço da tese de prescrição. Devido à lentidão das engrenagens do Judiciário, a expectativa é que uma decisão final sobre os processos enfrentados por Lula leve anos.
Outro argumento é que Lula, um "réu septuagenário", teria uma redução natural do prazo de prescrição pela metade. Além disso, o ex-presidente chegou a cumprir 580 dias em prisão, até ser solto em novembro de 2019.
A chamada "prescrição" acontece quando um processo demora demais para julgar um fato do passado. A contagem se refere à data do crime até o momento em que o juiz "recebe" a denúncia e abre uma ação penal.
Assim, mesmo que o político seja culpado ou inocente, a Justiça nunca vai esclarecer isso, punindo-o ou lhe dando uma espécie de "certidão positiva".
(*Com informações de Hanrrikson de Andrade e Isabella Cavalcante, do UOL e colaboração para o UOL, em Brasília)
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