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Bancada evangélica diz que Lira não tem votos para legalizar jogos de azar

"Essa aberração só tem como finalidade lavagem de dinheiro", afirmou Sóstenes Cavalcante - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
"Essa aberração só tem como finalidade lavagem de dinheiro", afirmou Sóstenes Cavalcante Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Eduardo Militão e Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

13/12/2021 14h07Atualizada em 13/12/2021 21h19

O futuro presidente da bancada evangélica no Congresso, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), afirmou hoje (13) que "jamais" a Câmara vai aprovar a legalização dos jogos de azar. Um requerimento de urgência deve ser votado na sessão desta segunda.

Sóstenes e outros líderes evangélicos criticaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por tentar colocar a ideia em votação. "Não tem votos para aprovar essa aberração, que só tem como finalidade maior a lavagem de dinheiro", afirmou ao UOL.

Na última semana de votações do ano, o Congresso se volta para o restante da PEC dos Precatórios, o orçamento e o Refis, mas há pressão para a análise de outras propostas.

Sóstenes disse que a votação do requerimento de urgência do projeto dos jogos de azar seria uma "quebra de acordo" entre a bancada e Lira. "Ele tinha combinado que, quando fosse fazer [votar], ia fazer em comum acordo com a gente", explicou. "Não acordou conosco".

Ele afirmou que vai procurar o presidente da Câmara ainda nesta segunda. Mas, enquanto isso, a ordem é não votar nada. "Nós vamos fazer obstrução a tudo", anunciou Sóstenes.

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também reclamou do fato de Lira querer votar a legalização dos jogos. Em um vídeo gravado hoje, ele afirmou que isso não vai melhorar a economia, mas apenas atender a pequenos grupos econômicos.

Vem agora o Arthur Lira, no apagar das luzes, querer aprovar esse lixo? Isso é uma vergonha"
Silas Malafaia, pastor

Malafaia enfatizou que a repulsa aos jogos não tem a ver com convicções de fé, mas a danos sociais. "Isso não é questão de que os religiosos são contra [por causa] os seus princípios. Isso é a desgraça social", afirmou. "Não beneficia em nada a economia do país."

Nos últimos meses, houve uma intensificação dos operadores do Planalto, liderados pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), para aprovar o projeto, segundo o UOL apurou. Eles tentaram, sem sucesso, convencer os evangélicos sobre a validade dos jogos de azar.

Não é a primeira vez que Ciro e Malafaia entraram em conflito. Nos últimos meses, o pastor acusou o ministro de tentar sabotar a sabatina do ex-advogado-geral da União e então indicado a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), o evangélico André Mendonça. Ele acabou sendo aprovado pelo Senado; sua posse será nesta semana.