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Deputados bolsonaristas tentam manobra para impedir vacinação infantil

Vacinação de crianças e adolescentes recebeu aval da Anvisa em 16 de dezembro - Getty Images
Vacinação de crianças e adolescentes recebeu aval da Anvisa em 16 de dezembro Imagem: Getty Images

Do UOL, em Brasília

27/12/2021 18h18Atualizada em 28/12/2021 07h28

Um grupo de deputados federais leais ao presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta, por meio de decreto legislativo, anular autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e impedir a vacinação contra a covid de crianças de 5 a 11 anos no país.

De acordo com os trâmites da Casa, a proposta ainda seria analisada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que pode ou não dar seguimento ao pedido. A análise e a deliberação, no entanto, só ocorreriam na volta do recesso, em fevereiro.

A entrega dos imunizantes próprios à aplicação em crianças e adolescentes deve ocorrer em janeiro, isto é, cerca um mês antes do retorno do recesso. A previsão é que a vacinação da faixa etária de 5 a 11 anos também comece no mês que vem, segundo o Ministério da Saúde.

O projeto de decreto legislativo apresentado pelos parlamentares bolsonaristas sugere "sustar" (suspender) a resolução da Anvisa, datada de 16 de dezembro de 2021, que autorizou a utilização da vacina da Pfizer para inclusão do grupo populacional de 5 a 11 anos no PNI (Programa Nacional de Imunizações).

A medida representa, portanto, o aval da entidade regulatória à vacinação de crianças e adolescentes, fato que é contestado publicamente pelo presidente Bolsonaro e seus seguidores.

Assinam a proposta as deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Chris Tonietto (PSL-RJ) e os deputados Diego Garcia (Podemos-PR), General Girão (PSL-RN), Junio Amaral (PSL-MG) e Dr. Luiz Ovando (PSL-MS).

Na justificação, os congressistas afirmam que "crianças e adolescentes apresentam menos sintomas de infecção e são menos propensos, quando comparadas aos adultos, a chegar em um estado grave de covid-19". Dizem ainda, com base em links de internet, que "é possível encontrar publicamente notícias recentes que demonstram a preocupação da Organização Mundial da Saúde sobre a vacinação em crianças".

Hoje Bolsonaro voltou a desacreditar a vacinação infantil contra a covid-19. Em viagem a São Francisco do Sul (SC), onde deve passar o fim do ano, Bolsonaro disse que não vai vacinar a filha Laura, de 11 anos. "Minha filha não vai ser vacinada... Deixar bem claro. Ela tem 11 anos de idade", falou o presidente.

A decisão vai na contramão do que recomenda a ciência. Na sexta-feira (23), cerca de 80 especialistas em saúde elaboraram um documento em defesa da vacina contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos.