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Portella: Bolsonaro faz pior politização ao ligar má alimentação à facada

Do UOL, em São Paulo*

05/01/2022 12h37Atualizada em 05/01/2022 13h16

O colunista do UOL José Luiz Portella afirmou hoje, durante o UOL News, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a internação dele devido a um quadro de obstrução intestinal para fazer a "pior politização" ao relacioná-la com o episódio da facada que ele levou no abdome, em setembro de 2018, na cidade de Juiz de Fora (MG), durante um ato de rua de sua campanha presidencial.

Apesar da hospitalização, o presidente teve alta na manhã de hoje após ter ficado dois dias internado em São Paulo.

"Eu acho que o Bolsonaro é uma pessoa que politiza tudo, transforma as coisas que ele faz a favor dele e fez isso mais uma vez tentando aparecer de vítima quando a gente sabe que ele cometeu um excesso alimentar, como a gente sabe que acontece com muita gente durante as festas de fim de ano, e quando passou mal tentou juntar isso com a facada. Um episódio que já foi investigado e encerrado", ponderou.

O colunista explicou que o médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, responsável pelo tratamento do presidente, alertou que a obstrução que levou à internação do chefe do Executivo pode ter sido causada pela falta de mastigação adequada.

Durante entrevista coletiva na manhã de hoje ao receber alta, Bolsonaro afirmou que comeu frutos-do-mar e não mastigou adequadamente. "Eu não almoço, eu engulo", disse. Segundo Macedo, "o camarão não foi mastigado", e recomendou ao presidente que mastigue ao menos 15 vezes depois de cada garfada.

Você juntar uma comida exagerada - que o médico dele falou - com a facada, eu acho que não tem episódio pior de politização.
José Luiz Portella no UOL News

O também colunista Kennedy Alencar apontou que o presidente foi vítima de um atentado, mas acaba politizando "tudo" ao relacionar novamente a facada como resultado de uma suposta trama política contra ele.

Nas investigações anteriores, a Polícia Federal concluiu que Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada, agiu sozinho, sem cúmplices ou mandantes. Ele também foi considerado incapaz de responder pelo crime por sofrer distúrbios psicológicos e cumpre medida de segurança na penitenciária federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por tempo indeterminado.

"Ali [no atentado] não tinha uma trama da esquerda contra o Bolsonaro. Mas ele está interessado em recriar essa fake news porque ele tem um governo desastroso, ele não tem o que oferecer ao país. Ele precisa ficar nessa teoria conspiratória e se vitimiza. Ele se vitimiza. Ele tem que se cuidar mais porque é presidente da República e ele tem que ter uma restrição alimentar mesmo porque tem sequelas do atentado que, de fato, sofreu", disparou Kennedy.

*Com informações do Estadão Conteúdo