Bolsonaro se aliou ao centrão para evitar o impeachment, diz Weintraub
O ex-ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub, disse ontem que o presidente se aliou ao centrão para evitar a abertura de um processo de impeachment contra ele no Congresso Nacional.
"A gente não é alinhado ao centrão, a gente não gosta do centrão e isso ficou muito claro. Só que eu acho que o presidente tomou a decisão estratégica que ele acreditava ser a mais eficiente. Naquele momento, a ameaça era muito clara: eles [centrão] iriam iniciar o processo de impeachment. Então, nesse sentido, foi eficiente [a aliança] porque o processo de impeachment não aconteceu, mas o ponto principal, a minha dúvida é se essa estratégia vai resultar na garantia da pouca liberdade que resta no Brasil para as nossas famílias?", opinou ao Jornal Jovem Pan, da Jovem Pan News.
O ex-membro do governo argumentou que a aliança com o centrão foi "eficiente" para a não abertura do processo de impeachment, mas disse temer a presença do grupo político na gestão, inclusive em uma possível não reeleição do presidente.
"Eu, desde o começo, falei sobre essas minhas críticas. Pessoas que sete meses antes da eleição chamaram o presidente de fascista entram assim [no governo]. Eu não teria a habilidade para fazer, eu não confiaria em pessoas como eles. Mas o presidente Bolsonaro foi eleito, é a pessoa responsável por isso. Desde o começo eu falo que torço para o presidente estar certo, quero que acerte e consiga tirar o Brasil de uma situação muito difícil. A única coisa é que eu não confio no centrão, eu o acho complicadíssimo para dizer o mínimo."
Weintraub explicou as suas críticas feitas anteontem, durante uma live, à aliança do presidente com os partidos do centrão. Na ocasião, ele disse que os conservadores foram "substituídos por essa turma [do centrão]".
"Eu não falei que foi conveniente [a aliança]. Eu entendo a decisão do presidente, torço para que dê certo, mas não concordo. Não estou aqui para atrapalhar o presidente de forma alguma porque eu quero que ele ganhe, mas eu tenho medo."
E completou: "Eu torço para que o presidente Bolsonaro seja reeleito, mas eu entendo que, na atual aliança política dele, o meu nome gera um constrangimento. Hoje em dia eu acho que eu e o pessoal que tem uma pegada conservadora gera um constrangimento, um problema nessa estratégia com o centrão. E eu não quero atrapalhar".
Operação da PF contra Flávio Bolsonaro
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub indicou esta semana que o presidente Jair Bolsonaro soube que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho mais velho, e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz eram alvo de investigação antes que os fatos viessem a público.
Weintraub relatou, durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda., ter participado de uma reunião em novembro de 2018 em que Bolsonaro tratou das denúncias. O relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com movimentações financeiras atípicas de Queiroz, origem do escândalo da rachadinha, só veio a público no mês seguinte, em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.
No entanto, ontem, Weintraub declarou que à época, segundo sua versão, jornais já estavam fazendo um "zum-zum-zum" sobre o caso e, por isso, o presidente fez uma reunião.
Segundo o ex-ministro, o presidente falou na reunião que ninguém precisava defender o filho. Weintraub ainda disse que Bolsonaro não interferiu e não recebeu informações adiantadas de nenhuma investigação.
"Estava falando o oposto [no podcast]. Que o presidente foi super correto de falar: se esse cara [Flávio] tiver os problemas aí, ele que se resolva. Ninguém aqui tem que defender ele. Eu me lembro que já tinha saído algumas coisas no jornal, e aí o presidente reuniu, chamou todo mundo numa sala e falou que era um problema dele [Flávio], ele que se explicasse e que não deveríamos nos preocupar com nada. Nunca recebi pedido inadequado de qualquer um dos filhos do presidente ou do presidente."
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