Topo

Esse conteúdo é antigo

Senador quer ir à Justiça para afastar secretário que defendeu cloroquina

Pedro Vilas Boas

Colaboração para o UOL

24/01/2022 08h26Atualizada em 24/01/2022 11h35

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse, em entrevista ao UOL hoje, que vai acionar a Justiça para afastar o secretário do Ministério da Saúde responsável por uma nota técnica que classifica a hidroxicloroquina como eficaz contra a covid-19 - o que não é verdade - e menospreza a vacinação.

O documento é assinado pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta, Hélio Angotti Neto. "Esse tipo de conduta é incoerente com a permanência no setor público. Se tivéssemos um Ministério Público trabalhando como historicamente trabalhou, ele já estaria afastado", afirmou o parlamentar.

Vieira é membro titular da Frente Parlamentar Observatório da Pandemia, do Senado. Ele confirmou à reportagem a informação noticiada primeiramente pelo site Poder360 de que o grupo pretende convocar o secretário, mas disse que prefere uma ação judicial contra Angotti Neto. "Existe essa sugestão, está em debate. Eu, particularmente, acho mais relevante buscar a Justiça solicitando o afastamento desse cidadão da atividade pública", disse.

Após publicação da entrevista, a assessoria de comunicação do senador divulgou comunicado informando que a ação popular foi feita em conjunto com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (PSL-ES), que, assim como Vieira, fazem parte do movimento "Acredito".

Nota contraria diretrizes

A nota técnica assinada por Hélio Angotti Neto despreza e contraria estudos e orientações sanitárias mundiais que não recomendam o medicamento, integrante do chamado "kit covid".

No documento, o secretário apresentou uma tabela colocando a hidroxicloroquina em oposição às vacinas, que já se demonstraram eficientes para reduzir os casos graves e as mortes pela doença.

A nota ainda argumenta que a cloroquina teria um custo baixo sem recomendação das sociedades médicas e sem financiamento da indústria, enquanto as vacinas representariam um custo alto com financiamento da indústria e recomendação dos especialistas.

Indicação à Anvisa

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revela que o governo Jair Bolsonaro (PL) avalia indicar Hélio Angotti Neto ao cargo de diretor na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O nome foi colocado sobre a mesa em conversas de integrantes do governo favoráveis ao ineficaz kit Covid. Segundo a reportagem, a proposta agradou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que deseja afastar Angotti da pasta, sem entrar em atritos com o médico, segundo integrantes do governo.

A indicação do presidente Bolsonaro precisa ser aprovada pelo Senado, e o secretário encontra resistências no centrão. Integrantes desses partidos dizem que as chances de Angotti chegar à Anvisa são pequenas.