Bolsonaro faz piada com abertura de cratera em SP: 'Transposição do Tietê'

Em tom de deboche, o presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou hoje o incidente na Marginal Tietê, em São Paulo, ontem (1º), quando um desmoronamento em obra da linha 6-Laranja do metrô abriu uma cratera no sentido Ayrton Senna, pouco antes da Ponte do Piqueri.

O chefe do Executivo federal afirmou ter visto "a transposição do [rio] Tietê", uma ironia com o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, no Nordeste.

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Jair Bolsonaro (PL)

A declaração ocorreu hoje em conversa com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, em Brasília.

Na semana que vem, Bolsonaro deve viajar ao Nordeste (Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte) para agendas relacionadas à conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco. Os compromissos oficiais ainda não foram detalhados pelo Palácio do Planalto.

De acordo com o governo de São Paulo, a pista central da Marginal Tietê —interditada em função do incidente— pode ser liberada para o trânsito em dois ou três dias, no melhor dos cenários. As faixas central e local estão bloqueadas no trecho na altura da zona oeste.

O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Paulo Galli, afirmou hoje que tudo deverá depender da forma como a estrutura de contenção será construída —se será necessário ou não o uso de estacas.

A Prefeitura de São Paulo disse considerar a reabertura em até 10 dias, o pior doas casos, segundo o governo paulista.

"A construtora trouxe como uma das soluções para liberar rapidamente a pista da Marginal Tietê, dois cenários: em um, é prevista a colocação de estacas para a contenção da pista da marginal. Com essa solução, levaríamos até o dia 11, e aí, entregamos essa pista central para o tráfego normal. Mas, dependendo do desempenho que se tiver, hoje à tarde eles [Acciona, empresa responsável] vão se posicionar que talvez não precisem disso, e aí teríamos uma entrega rápida da pista central da estrada, em até dois ou três dias", declarou Galli.

Em coletiva, o governador João Doria (PSDB) afirmou que já cobrou da Acciona, a empresa espanhola que tem a concessão da Linha 6, "as providências necessárias para a retomada das obras e do tráfego na Marginal".

Na manhã desta terça-feira, a cratera se formou após trecho onde ocorriam obras da linha 6-Laranja do metrô desabar. O governo paulista afirma que houve um vazamento na adutora — canal para condução de água ou esgoto —, embora as causas do acidente ainda sejam desconhecidas. O acidente não deixou feridos. Quatro trabalhadores tiveram contato com a água do esgoto, que inundou o local do acidente, mas foram encaminhados para avaliação médica.

Após o primeiro desmoronamento, pouco antes das 9h, a cratera seguiu aumentando. Os deslizamentos acontecem na direção à via expressa da Marginal e ao Rio Tietê. Ao final da noite de ontem, já havia ocupado três das quatro faixas da pista local. A pista central chegou a ser liberada pela CET, companhia responsável pelo tráfego, mas fechada em menos de 10 minutos sob recomendação da Defesa Civil.

A Defesa Civil disse que não é necessário evacuar a região. Segundo o órgão, os desabamentos estão restritos à pista da Marginal e não oferecem riscos a outras áreas ao redor do rio Tietê. Robson Bertolotto, diretor da Defesa Civil na Lapa, declarou ontem à imprensa que a região está estável e que prédios no entorno não precisam ser evacuados.

Na noite de ontem, o governo criou um comitê executivo composto pela administração estadual, a Prefeitura de São Paulo, a Sabesp e a Acciona para gerir a cratera.