Ministério chefiado por Damares repudia fala de Monark sobre nazismo
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, publicou hoje à noite uma nota de repúdio sobre a fala do influenciador Bruno Aiub, conhecido como Monark, endossando a legalização de um partido nazista no Brasil.
Na nota, o ministério disse que acompanhará o caso, "a fim de que o sofrimento causado pelo regime nazista entre os anos de 1933 e 1945, que perseguiu e assassinou mais de 6 milhões de judeus europeus, não encontre guarida em território nacional".
Além do repúdio, a pasta prestou solidariedade à comunidade judaica no Brasil.
Como alertou a nota do ministério, no Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89.
Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.
Entenda o caso
O então apresentador do podcast Flow, Monark, entrevistou ontem os deputados federais Kim Kataguiri (DEM) e Tabata Amaral (PSB). Conversando sobre política e liberdade de expressão, o influenciador fez apologia ao nazismo.
"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse.
O podcaster foi rebatido por Tabata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. "Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco", disse a parlamentar.
"As pessoas não têm o direito de ser idiotas?", questionou o apresentador.
Na sequência, Monark pergunta à deputada como o nazismo coloca os judeus em risco. "De que forma [isso acontece]? Quando [o nazismo] é uma minoria, não põe. Mas era [um risco] quando era uma maioria", emendou, sem considerar o Holocausto na 2ª Guerra Mundial, que matou milhões de judeus pelo nazismo.
"A comunidade judaica até hoje tem que se preocupar com sua segurança porque recebe ameaça. O antissemitismo é uma coisa que tem ser combatida todos os dias", respondeu Tabata.
Monark publicou na tarde de hoje um vídeo em que pede desculpas pela declaração. "Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade", disse ele.
Com a repercussão negativa, o apresentador foi demitido do podcast e a empresa perdeu patrocinadores.
PGR investigará Kim e Monark
O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou hoje a abertura de inquérito para apurar suposta prática crime de apologia ao nazismo pelo deputado federal Kim Kataguiri e Monark.
"Qual é a melhor maneira de impedir um discurso mate pessoas e que um grupo étnico racial morra? É criminalizar? Ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social?", disse o congressista.
Em contato com o UOL, o deputado afirmou que irá colaborar com as investigações da PGR e disse ser alvo de perseguição política por parte de Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao órgão em 2019.
"Vou colaborar com as investigações pois meu discurso foi absolutamente anti-nazista, não há nada de criminoso em defender que o nazismo seja repudiado com veemência no campo ideológico para que as atrocidades que conhecemos nunca sejam cometidas novamente", afirmou.
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