Políticos e autoridades repudiam defesa de Monark a partido nazista na lei
A classe política repudiou o comentário feito ontem pelo apresentador do podcast "Flow", Bruno Aiub, conhecido como Monark, no qual ele defendeu a existência de um partido nazista reconhecido por lei no Brasil. Nas redes sociais, políticos classificaram a declaração do podcaster como "inaceitável", "abominável", "indefensável" e "indesculpável".
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos (PSOL), foi ao Twitter para comentar a fala de Monark e recordou dos episódios em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) também exaltou torturadores.
"Um deputado com inclinações nazistas, que defendeu torturadores e extermínio, foi candidato e virou presidente do Brasil. Inaceitável e abominável o que foi defendido ontem no Flow Podcast. Aliás, Kim do MBL votou no miliciano e agora ficou em silêncio", escreveu Boulos.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que também é pré-candidato à Presidência da República também repudiou a fala. No Twitter, ele afirmou que a defesa do nazismo "é um crime e uma agressão à humanidade". Também disse que o posicionamento é "inacreditável, inadmissível e impensável".
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes ressaltou que "qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena". O magistrado também prestou "solidariedade à comunidade judaica".
A deputada federal Talíria Petrone (PSOL) também usou o microblog para se manifestar e chamou "criminoso" o comentário feito pelo apresentador do Flow. "A liberdade de expressão não pode ser usada em defesa do autoritarismo. Isso significa apoiar o genocídio de raças e não cabe numa democracia. Algo precisa ser feito, urgentemente!", disse a parlamentar.
A defesa da existência de um partido nazista dentro da lei por Monark foi feita durante transmissão ao vivo ontem, na qual eram entrevistados os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB). "A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", afirmou o apresentador.
Ele foi rebatido por Tabata logo após a declaração, mas insistiu no argumento questionando a parlamentar. "As pessoas não têm o direito de ser idiotas?", perguntou.
A deputada federal Vivi Reis (PSOL) também usou o Twitter para repudiar a declaração de Monark. "Perderam definitivamente o medo", disse. Em nota publicada na rede social, o PSOL disse que "não se pode normalizar que qualquer pessoa, especialmente um deputado federal, relativize a existência de um partido nazista".
Jandira Feghali (PCdoB) foi outra deputada federal que se manifestou, afirmando que a defesa do nazismo é "indefensável e indesculpável". "Um desrespeito e uma total falta de compreensão do que seja liberdade. A liberdade para matar, perseguir, torturar e dizimar não deve ser defendida por ninguém. Tudo tem limite", disse.
A ex-vice-candidata à presidência Manuela D'Ávila afirmou que a "impunidade segue reinando".
"Vivemos num país que tem como presidente um cara que homenageia torturadores e como um dos maiores podcasters alguém que defende a existência de um Partido Nazista no Brasil. O que faz com que eles se sintam à vontade em defender o indefensável? A impunidade que segue reinando!", escreveu Manuela.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL) ainda citou o pedido de desculpas de Monark, que disse que estava "muito bêbado". "Alegou bebedeira. O que pesou não foi a consciência, coisa que liberaloides mesquinhos não possuem, mas o susto com o cancelamento de entrevistados e de anunciantes. Covardia!", afirmou Valente.
O deputado federal e pré-candidato à Presidência, André Janones (Avante), também repudiou a fala no podcast.
No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.
O Holocausto, como ficou conhecido o genocídio de judeus por alemães, está entre os maiores crimes cometidos contra a humanidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha obrigou que os judeus trabalhassem de maneira forçada em campos de concentração. No entanto, eram enquadrados nessa situação os homens mais fortes. Aqueles considerados "improdutivos" eram enviados para as câmaras de gás.
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