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Embaixada alemã após fala de Monark: Defender o nazismo desrespeita vítimas

Repúdio veio após fala de Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, do "Flow" - Reprodução/YouTube
Repúdio veio após fala de Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, do 'Flow' Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

08/02/2022 17h06Atualizada em 08/02/2022 17h48

A Embaixada da Alemanha no Brasil repudiou hoje as declarações do podcaster Bruno Aiub, o Monark, que defendeu a existência de um partido nazista no Brasil. O posicionamento do apresentador aconteceu ontem durante o episódio do "Flow".

A representação alemã no país afirmou que sugerir ser favorável a tal ideologia "não é liberdade de expressão", mas um ato que "desrespeita a memória das vítimas" da perseguição nazista.

"Quem defende o nazismo desrespeita a memória das vítimas e dos sobreviventes desse regime e ignora os horrores causados por ele", publicou a representação diplomática nas redes sociais.

Sob o NSDAP (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) e Adolf Hitler, a Alemanha foi governada pelos nazistas entre 1933 e 1945, quando as forças de extrema-direita foram derrotadas na Segunda Guerra Mundial.

Com a ideia de os povos germânicos serem uma raça superior, foram cometidos genocídios no período em que a Alemanha esteve sob o governo nazista, especialmente contra os judeus, vítimas do Holocausto.

Durante o episódio do "Flow", que contou com a participação dos deputados Kim Kataguiri (Podemos-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), Monark defendeu a existência de partidos nazistas, tendo em vista que "a esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical", segundo ele.

Hoje, o apresentador pediu desculpas por causa da fala, afirmando que "estava muito bêbado". "Fui defender essa ideia de um jeito muito burro", afirmou em vídeo.

Horas depois, o estúdio que coordena o podcast anunciou a saída de Monark do programa e a retirada do ar do episódio em que foi feita a defesa de liberdade de formação partidária nazista.

No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89.

Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.

Brasil já teve partido nazista

Durante o auge da extrema-direita na Alemanha pré-Segunda Guerra, o Brasil chegou a ter o maior partido nazista fora da Alemanha, com pouco menos de 3 mil membros.

A legenda foi criada em 1928, cinco anos antes da ascensão de Hitler ao governo alemão. Com adesão maior nos estados que hoje fazem parte do Sul e do Sudeste brasileiro, a legenda entrou na clandestinidade em 1938.

Entre janeiro de 2019 e maio de 2021, o número de grupos neonazistas cresceu 270,6% no Brasil, segundo mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias.