Monark se desculpa após defender existência partido nazista dentro da lei
O apresentador do podcast "Flow", Bruno Aiub, conhecido como Monark, publicou na tarde de hoje um vídeo em que pede desculpas por defender a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido por lei.
"Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade", disse ele.
"Mas eu peço também um pouco de compreensão, são quatro horas de conversa, a gente já tava bêbado. Fui insensível sim, errei na forma com que eu me expressei, dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis, é uma m...errei pra c...eu peço compreensão aí de vocês mesmo e peço desculpas a toda comunidade judaica", continuou.
O comentário do podcaster ocorreu ontem durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB).
Veja esse caso e mais notícias no UOL News:
"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse Monark.
No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.
O podcaster foi rebatido por Tabata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. "Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco", disse a parlamentar.
"As pessoas não têm o direito de ser idiotas?", questionou o apresentador. Na sequência, Monark pergunta à deputada como o nazismo coloca os judeus em risco. "De que forma [isso acontece]? Quando [o nazismo] é uma minoria, não põe. Mas era [um risco] quando era uma maioria", emendou, sem considerar o Holocausto na 2ª Guerra Mundial, que matou milhões de judeus pelo nazismo.
"A comunidade judaica até hoje tem que se preocupar com sua segurança porque recebe ameaça. O antissemitismo é uma coisa que tem ser combatida todos os dias", respondeu Tabata.
O Holocausto, como ficou conhecido o genocídio de judeus por alemães, está entre os maiores crimes cometidos contra a humanidade.
Conforme mostrou Fefito, colunista de Splash, patrocinadores começaram a abandonar o programa após pressão popular.
O craque e ídolo do Flamengo Zico também cancelou sua participação no podcast após assistir ao vídeo.
Entidades israelitas condenam afirmação
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) divulgou uma nota condenando a fala do youtuber.
"O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera "inferiores". Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias", disseram. "O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica".
Já a Federação Israelita de São Paulo se manifestou afirmando que o apresentador sugere "a um só tempo, desconhecer a história do povo judeu, e a natureza de um princípio constitucional essencial [que é o da liberdade de expressão], muitas vezes deturpado por aqueles que insistem em propagar um discurso que incita o ódio contra minorias".
"Nós, da Federação Israelita do Estado de São Paulo, repudiamos de forma veemente esse discurso e reiteramos nosso compromisso em combater ideias que coloquem em risco qualquer minoria. Manifestações como essa evidenciam o grau de descomprometimento do youtuber com a democracia e os direitos humanos", acrescentou.
Em nota, o Museu do Holocausto repudiou as falas de Monark e convidou o youtuber a se informar sobre o evento histórico.
"Respeitosamente, o convidamos a visitar o Museu do Holocausto de Curitiba. Será um prazer recebê-lo, Monark! Aqui, você perceberá que o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o 'direito de serem idiotas'", declarou a entidade.
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