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Flávio Bolsonaro diz a revista que recebeu Queiroz: 'Veio me pedir bênção'

Flávio Bolsonaro e e o ex-assessor Fabrício Queiroz fazem arma com as mãos - Reprodução
Flávio Bolsonaro e e o ex-assessor Fabrício Queiroz fazem arma com as mãos Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

09/02/2022 10h24

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu ter se encontrado pessoalmente com Fabrício Queiroz em dezembro do ano passado, em Brasília. Em entrevista à revista Crusoé, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PL) relatou que o ex-assessor o procurou para pedir a bênção dele para se candidatar a deputado federal nas eleições deste ano. Queiroz, porém, negou ter se reunido com Flávio.

"Ele me procurou aqui em Brasília, veio me comunicar que tinha pretensão de ser candidato a deputado federal e pedir bênção. Eu disse 'a vida é sua, você que avalia'", contou o senador. A conversa teria acontecido na casa de um conhecido de Queiroz na capital federal.

Flávio disse acreditar que o ex-assessor tem chance de se eleger. "Na análise dele, ele me disse que tem grande chance de ser eleito porque indiscutivelmente tem muito relacionamento no Rio de Janeiro. Acho que tem chance de se eleger. Ele estava em Brasília, me procurou para falar pessoalmente e não me neguei a recebê-lo".

Segundo o parlamentar, o encontro foi após as decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal) que o beneficiaram no caso que apura a prática de rachadinha no gabinete dele, que "praticamente zeraram o jogo para a gente".

Em novembro do ano passado, o STJ anulou provas da investigação, deixando o caso em aberto, e o STF manteve o foro privilegiado do senador no caso.

O UOL questionou a defesa de Queiroz se ele gostaria de comentar o ocorrido. Caso ele responda, o texto será atualizado.

Flávio e Queiroz foram denunciados pelo MP-RJ há quase três anos por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Queiroz foi assessor de Flávio de 2007 até outubro de 2018, antes do fim do segundo turno.

A colunista do UOL Juliana Dal Piva já havia reportado que os dois se falaram por telefone no fim de 2021. Esse teria sido o primeiro contato entre os dois desde 2018.

Em depoimento ao MPF (Ministério Público Federal), Queiroz chegou a admitir um encontro presencial com Flávio em dezembro daquele ano para dar explicações sobre o relatório do Coaf que apontou movimentações financeiras atípicas em contas ligadas a ele.

À coluna, Queiroz disse que, atualmente, está distante dos Bolsonaro. "Em respeito ao MP-RJ, nunca mais falei com com o senador e nem com ninguém da família dele. Apesar de não ter nenhum impedimento em falar com a eles".

A conversa entre os dois ocorreu dias depois da entrevista de Queiroz ao SBT em novembro, em que disse nunca falar com o presidente ou com os filhos dele. "Eles são meus amigos, sim. E o presidente da República... Ele foi bem claro na primeira entrevista que ele deu logo que saiu esse escândalo. Ele falou: 'Queiroz é meu amigo, cortei a relação com ele e, enquanto não ficar esclarecido, nós não nos falamos'. Meia palavra basta, não precisa desenhar. Nunca nos falamos, nem com ele, nem com o senador", afirmou o ex-assessor, amigo do presidente Jair Bolsonaro desde a década de 1980.

Não há impedimento para contato

Não existe nenhuma proibição legal para o contato entre o policial e o senador. Queiroz foi colocado em liberdade pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em março de 2021. Ele e a mulher, Márcia Aguiar, tiveram a prisão decretada pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, em junho de 2020, durante as investigações sobre desvio de salários no antigo gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Com isso, Queiroz foi preso na casa de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.

Depois, o ex-assessor e a mulher, Márcia Aguiar, ficaram oito meses em prisão domiciliar. Ele ainda ficou um mês preso em Bangu e ela passou um mês foragida até que a defesa obteve um habeas corpus. Assim que obteve a liberdade, Queiroz retomou sua rotina de alinhamento com a família Bolsonaro e de postagens favoráveis ao clã nas redes sociais.

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