Marina Silva: Nunca tive conversa com Ciro sobre possibilidade de ser vice
Apontada como uma das favoritas para concorrer à vice-presidência na chapa de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) disse que nunca foi procurada pelo pré-candidato para tratar sobre o assunto. Porém, ela admite que conversas entre representantes de ambos partidos acontecem nesse sentido.
"Eu nunca tive uma conversa com o Ciro Gomes sobre esse aspecto. E minhas posições são conhecidas", disse Marina, durante entrevista ao UOL News realizada pela jornalista Fabíola Cidral e o colunista Josias de Souza. "Obviamente, a senadora Heloísa Helena, que é a nossa porta-voz, tem conversado com o Carlos Lupi [presidente nacional do PDT]."
Segundo Marina, nas conversas com o PDT, a Rede tem posto como prioridade a compatibilidade com um programa eleitoral que se sustente num possível mandato conjunto entre as legendas.
"Para nós, é muito importante a questão programática, o processo como se vai legitimar esse programa e qual o acordo político de sustentação desse programa. É isso que a Rede tem colocado."
No entanto, a grande resistência da ex-ministra é a presença do marqueteiro João Santana na campanha de Ciro Gomes, a quem ela não poupa críticas.
"Tenho sim divergências em relação ao desserviço que o João Santana, junto com a campanha da presidente Dilma, em 2014, fez à nossa democracia, incitando o ódio como estratégia política de ganhar o poder."
"Eu entendo que nesse momento que estamos completamente esgarçados, com o país completamente pulverizado numa forma de ódio, isso não contribui para que a gente possa romper com esse ciclo vicioso", afirmou.
Marina Silva ressaltou que nunca se colocou na "perspectiva de contribuir como vice em nenhuma das dinâmicas" da construção de chapas eleitorais. Apesar disso, ela se mostrou disposta a integrar a campanha de Ciro Gomes, desde que haja concessões.
"Vivo fugindo de reduzir os debates aos candidatos, quero discutir os programas e processos", disse. "Não tenho dúvida de que há abertura do PDT e do Ciro para o debate. E espero que o debate no campo democrático tenha a abertura para a questão ambiental, para mudança do modelo de desenvolvimento, para os desafios do século 21, que é uma agenda que eu diria tem que estar no centro da decisão política dessas eleições de 2022."
PT e PSDB precisam reconhecer erros
Questionada sobre um possível apoio da Rede ao ex-presidente Lula (PT) no primeiro turno, Marina Silva disse que o partido realiza conversas sobre a participação em federação, mas, por enquanto, não há nada definido.
"Estou participando de todo o debate em relação à questão da federação, da decisão política em relação à sucessão presidencial e há um debate sim, já que a Rede provavelmente não terá um candidato, de liberar para as candidaturas do campo progressista."
O debate que busco fazer é como é que a gente vai participar desse processo político não apenas discutindo o nome dos candidatos. Os nomes são importantes, é importante derrotar o Bolsonaro, mas somente isso não nos torna vitoriosos em relação a derrotar o bolsonarismo" Ex-ministra Marina Silva (Rede)
Na avaliação da política, o debate pré-eleitoral, até o momento, não tocou em temas importantes e, para isso, é preciso que partidos que já estiveram no poder assumam seus erros.
"Sempre digo que PT e PSDB precisam reconhecer erros. Temos uma situação no nosso país que criou grande decepção por parte da sociedade, tanto é que como 'vingança' temos hoje o desastre Bolsonaro e não vi ate agora essa disposição por parte do PT", apontou.
"No caso da minha posição, tenho feito desde sempre a priorização para construir uma alternativa a não ter que repetir o passado e nem ficar refém desse presente."
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