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Kennedy Alencar: Fachin e Barroso deram 'tiros de advertência' a Bolsonaro

Colaboração para o UOL*, em São Paulo

15/02/2022 19h50

Em participação no UOL News, o colunista Kennedy Alencar usou um jargão militar para explicar as recentes declarações dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.

Próximo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Fachin afirmou hoje que a Corte eleitoral está "atenta e preparada" para ameaças "ruidosas" do populismo autoritário. "Há robusto conjunto de desafios que encontraremos, a segurança cibernética é um elemento imprescindível. Há riscos de ataques de diversas formas e origens. O alerta é máximo. A guerra contra a segurança no ciberespaço da Justiça foi declarada há algum tempo", disse o ministro, em discurso na abertura da reunião de transição dos novos gestores do TSE.

"Fachin e Barroso deram 'tiros de advertência' para Bolsonaro. Os recados são todos no sentido de dizer que o TSE não vai tolerar os ataques à segurança e o questionamento às urnas eletrônicas — tudo o que vimos Bolsonaro fazer em 2018", disse Kennedy.

Para o jornalista, não há dúvidas de que o presidente da República tentará, em 2022, repetir a fórmula usada em 2018 para colocar em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.

"Mas o TSE está mais bem preparado. A imprensa também já está escaldada, não vai normalizar com fez em 2018. Há muito mais mecanismos de checagem e de fake news agora", opinou.

Vai ser difícil para Bolsonaro usar a mentira como arma política com tanta desenvoltura como há quatro anos" Kennedy Alencar, colunista do UOL

Impasse com o Telegram

Em entrevista para O Globo, o ministro do STF Luís Roberto Barroso voltou a discutir a possível suspensão do Telegram no país. "Eu penso que uma plataforma, qualquer que seja, que não queira se submeter às leis brasileiras deva ser simplesmente suspensa", afirmou.

No início do mês, em entrevista ao Estadão, Barroso chegou a afirmar que não gosta da ideia de banir uma plataforma, contudo, o aplicativo tem ignorado tentativas de diálogo feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que busca um trabalho em conjunto no combate à desinformação durante as eleições de 2022.

Outras redes sociais, como Facebook, WhatsApp e TikTok já fizeram parceria com o TSE nas eleições municipais passadas, em 2020, com o objetivo de conter redes de desinformação. Portanto, a recusa do Telegram de cooperar com a Justiça brasileira pode acabar causando sua suspensão no Brasil.

"Não tenho dúvidas de que um problema grave com o Telegram", afirmou Kennedy Alencar. "Se não se estabelecer algum tipo de intermediação ou acordo com o aplicativo e aquilo for uma terra de ninguém para fake news vamos ver uma repetição do que aconteceu em 2018. E é muito difícil lutar contra a mentira como arma política."

"A mentira como arma política corrói a democracia. Temos visto o que está acontecendo no Brasil nos últimos quatro anos com um governo que não respeita a democracia. Num ano em que as eleições são a festa da democracia, a gente tem que dar um jeito de proteger essa festa e a nossa democracia", concluiu o jornalista.

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(*Com informações de Estadão Conteúdo)