Barroso diz que qualquer tentativa de golpe de Bolsonaro foi sepultada
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou que qualquer tentativa de ruptura institucional por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL) já foi "sepultada" no ano passado, mais precisamente nos atos golpistas do 7 de setembro, quando o chefe do Executivo fez diversos ataques às instituições democráticas, sobretudo ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a seus ministros, com destaque para Alexandre de Moraes e o próprio Barroso.
Em entrevista à GloboNews, o ministro foi questionado sobre a possibilidade de Bolsonaro tentar dar um golpe caso saia perdedor do pleito presidencial deste ano, e avaliou que "maus perdedores" existem em todos os lugares, e que "não há remédio na farmacologia jurídica" para essas pessoas. Porém, no que diz respeito a um possível golpe, ele não vê essa possibilidade, haja vista que "as instituições brasileiras são sólidas".
Eu acho que o 7 de setembro foi bem o sepultamento do golpe. Compareceram menos de 10% do que se esperava, quer dizer a extrema-direita radical no Brasil é bem menor do que se alardeava, as polícias militares não aderiram, nenhum oficial da ativa relevante deu qualquer apoio àquele tipo de manifestação. O presidente compareceu, fez um discurso pavoroso, golpista, de ameaças a pessoas e ofensas. [Disse] 'Não vou cumprir decisão judicial' e, dois dias depois, mudou completamente o discurso, procurou as pessoas que ele tinha ofendido para conversar... De modo que eu acho que ali se relevou que a sociedade brasileira não aceitaria nada diferente.
Luís Roberto Barroso, em entrevista à GloboNews
Barroso fez referência ao discurso proferido por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista naquela ocasião, quando o mandatário afirmou que não acataria mais as decisões judiciais e fez ataques pessoais a Moraes. Posteriormente, o político recorreu ao ex-presidente Michel Temer para fazer uma ponte conciliatória com Moraes e chegou, inclusive, a divulgar uma carta à nação, em que disse não ter a intenção de atacar os Poderes da República.
Bolsonaro mentiu em live, diz Barroso
Na entrevista, Barroso disse que Bolsonaro mentiu em uma live, quando o presidente afirmou, sem provas, que as Forças Armadas teriam encontrado "vulnerabilidades" no sistema de votação brasileiro. Segundo o ministro do STF, as Forças "não apontaram coisa alguma".
"A mentira já estava pronta. E é lamentável envolver as Forças Armadas, que são um setor respeitado da sociedade brasileira, que têm o prestígio que devem ter, e que não devem ser jogadas em discursos políticos menores de varejo e de campanha. E, portanto, nós temos muita convicção de que isso não vá acontecer", ponderou.
"A arquitetura de segurança da urna eletrônica, combinada com as exigências de cadeia de produção e demais avaliações feitas pela equipe do TSE durante o planejamento da produção, garantem que haja segurança nas urnas produzidas independentemente do fornecedor dos componentes eletrônicos e independente da contratada, que projeta e integra a urna eletrônica", diz o documento.
Ministro rebate ataques pessoais
Em outro ponto, Barroso rebateu os ataques pessoais feitos por Bolsonaro, e que se intensificaram a partir do momento em que ele assumiu a presidência do TSE. Porém, o ministro garantiu que não se incomoda com as críticas do mandatário, porque "há pessoas cujas opiniões não fazem diferença". Entretanto, o magistrado ressalta que, nas vezes em que se manifestou, foram quando os ataques se deram no âmbito institucional, e ele se viu na obrigação de defender a Constituição.
"Há pessoas que são desencontradas espiritualmente. E eu sou dessas pessoas que vive em um estado de paz interior. Eu diria que se ficasse com raiva seria mais humano do que minha completa indiferença. Afora os ataques institucionais que respondi por meu dever de defender a Constituição, [pois] há pessoas cujas opiniões não fazem diferença", afirmou.
Bolsonaro volta a atacar ministros do STF
Jair Bolsonaro voltou a subir o tom e fez novos ataques aos ministros do STF, a quem acusou de quererem torná-lo inelegível para o pleito de outubro. Na lista de alvos os já costumeiros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, mas agora o presidente também acrescentou Edson Fachin que, curiosamente, será o próximo a assumir a cadeira principal do TSE.
"Agora, o que fica da ação desses três ministros do STF, me parece que eles têm um interesse, né? Primeiro, buscar uma maneira de me tornar inelegível, na base da canetada. A outra, é eleger o seu candidato", disse durante entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan News.
Na mesma entrevista, o presidente também reclamou da fala do ministro Fachin, que disse mais cedo que o TSE já pode estar sendo alvo de hackers da Rússia. Ele classificou para a fala como um "constrangimento", já que está em viagem oficial ao Leste Europeu.
Ao UOL, a assessoria do STF disse que não vai comentar as declarações do presidente Bolsonaro.
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