Delegados da PF reclamam de 'sucessivas trocas' na corporação
Associações de delegados da Polícia Federal cumprimentaram hoje a "vasta experiência" do novo diretor da corporação, Márcio Nunes Oliveira — o quarto chefe do órgão no governo de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, as entidades dos delegados — ADPF e Fenadepol —, a representação dos peritos criminais e o Fórum Brasileiro de Segurança criticaram a instabilidade causada por mudanças rotineiras no cargo.
"É importante pontuar que sucessivas trocas no comando da instituição geram consequências administrativas e de gestão, que podem prejudicar a celeridade e a continuidade do trabalho de excelência apresentado pela PF", afirmaram os delegados em nota assinada pela ADPF e pela Fenadepol.
Uma fonte da PF desvinculada das entidades disse ao UOL acreditar que isso é realmente um problema. No entanto, destacou que o perfil discreto de Márcio Nunes pode evitar que ele faça mudanças no comando da corporação ou opte por alterações suaves, a fim de não tumultuar a administração.
A ADPF e a Fenadepol afirmaram que "desejam uma gestão de êxito à frente da Polícia Federal e na valorização dos policiais federais".
O antecessor de Márcio Nunes é Paulo Gustavo Maiurino. Maiurino está em São Paulo hoje. Por telefone, ele foi convidado pelo ministro Anderson Torres para chefiar a Senad, que coordena a repressão a drogas no Ministério da Justiça.
Com Maiurino na capital paulista, Anderson Torres e Márcio Nunes se reuniram com o diretor executivo da PF, Sandro Avelar, que estava em Brasília, antes de as portarias de exoneração serem publicadas.
O UOL apurou que, até a noite desta sexta-feira, Maiurino não havia respondido ao convite feito pelo ministro.
Fórum critica "dança das cadeiras"
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública disse considerar "preocupantes as sucessivas trocas no comando da Polícia Federal". "O novo delegado, Marcio Nunes, será a quarta pessoa a ocupar o cargo de delegado-geral da instituição no governo Bolsonaro, sem que haja clareza nos critérios adotados para a substituição de seu antecessor, Paulo Maiurino."
De acordo com a instituição "essa instabilidade é ruim, pois afeta investigações em andamento e cria um clima de insegurança entre os profissionais".
A dança constante das cadeiras desperta mais desconfiança do que certezas acerca dos rumos da corporação no governo atual"
Fórum Brasileiro de Segurança Pública
"E dá a exata dimensão da falta de competência das autoridades para o desenvolvimento de um projeto de segurança pública que valorize uma polícia republicana e moderna, que tenha como principal garantia a liberdade para que o trabalho seja feito sem pressão política ou intercorrências, a exemplo do que ocorre em outras partes do mundo."
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