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Bolsonaro passa Carnaval na praia em meio a críticas e à guerra na Ucrânia

Do UOL, em Brasília

27/02/2022 10h53Atualizada em 27/02/2022 14h16

O presidente Jair Bolsonaro (PL) optou por passar o feriado de Carnaval na praia em meio à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Centenas de brasileiros na Ucrânia relatam dificuldades para conseguir sair do país por causa da invasão russa e o governo federal tem sido criticado por parlamentares sobre a falta de um apoio maior do Itamaraty.

O perfil de Bolsonaro no Facebook publicou hoje pela manhã dois vídeos ao vivo do presidente cumprimentando apoiadores e causando aglomeração em praias do litoral de São Paulo. Ele pretende passar o Carnaval pelas regiões do Guarujá e de Praia Grande. Nos vídeos, a maioria das pessoas presentes estava sem máscara de proteção facial, apesar de a pandemia da covid-19 ainda estar em curso.

O presidente pegou crianças no colo e tirou foto com apoiadores. A maioria ficou atrás de uma longa grade montada na praia pela segurança presidencial para que pudesse falar com Bolsonaro.

Segundo Bolsonaro, ele dará coletiva, prevista para as 18h, para tratar de "questões internas e externas", sem detalhamentos.

Ontem à tarde, o presidente Bolsonaro disse que o governo levou 50 brasileiros que estão na Ucrânia para países vizinhos por causa da guerra com a Rússia, apesar de não especificar como isso foi feito.

Bolsonaro também afirmou que colocou dois aviões à disposição para uma possível missão de retirada de brasileiros do país europeu.

As aeronaves à disposição para uma possível incursão na Ucrânia são os aviões de transporte tático/logístico C-390 Millennium, produzidos pela Embraer. O presidente ainda cogita acionar aviões comerciais e aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) para a operação.

"Mesmo diante de um cenário difícil, reforçamos: ninguém será deixado para trás. Peço aos brasileiros em territórios conflagrados que mantenham-se firmes, sigam as diretrizes e nos reportem qualquer incidente. Sei das dificuldades, mas não pouparemos esforços para resolvê-las", escreveu o presidente.

"Até o momento, já conseguimos levar cerca de 50 brasileiros para países vizinhos, incluindo jornalistas, estudantes, empresários e atletas. Também coloquei meus ministros, assessores e a diplomacia brasileira a serviço da evacuação de brasileiros por vias terrestres", acrescentou.

Já em seu perfil no Facebook, Bolsonaro disse que a Embaixada do Brasil em Kiev, capital ucraniana, coordenou o embarque de cerca de 40 brasileiros para a cidade de Chernivtsi, nas proximidades da fronteira da Ucrânia com a Romênia. Trens com passagens gratuitas têm partido de Kiev para regiões fronteiriças do país.

De acordo com o presidente, o grupo seguirá para a fronteira, onde serão recepcionados por funcionários da Embaixada do Brasil em Bucareste, capital romena.

Pedido de ajuda

Desde o início dos ataques da Rússia à Ucrânia, o governo brasileiro vem sendo cobrado por uma estratégia para a retirada de brasileiros do país europeu. Com o espaço aéreo ucraniano fechado, quem tem conseguido sair do país por meios próprios está fazendo a viagem por quilômetros por via terrestre.

A esposa do lateral brasileiro Juninho Reis, que atua pelo Zorya (situado em Luhansk, leste da Ucrânia), Vitória Magalhães, relatou o drama para tentar atravessar a fronteira do país rumo à Polônia. Os dois, junto com o filho pequeno, estão em deslocamento a pé desde o início da invasão russa.

Após andarem por cerca de 30 km até as proximidades da divisa entre os dois países, por volta das 16h30 de Brasília, ontem, Vitória implorou por algum tipo de ajuda.

"Infelizmente a ajuda que estava tentando vir da Polônia foi barrada. Eles não conseguem passar a barreira. O café em que estamos vai fechar 22h (locais) e não temos para onde ir ainda. Faltam três horas de caminhada, o frio está intenso e meu filho chora de frio. Não sabemos o que fazer. Eu imploro por ajuda, a caminhada terá que continuar. Nos ajudem, por favor", desabafou ela, em seu perfil no Instagram.