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Bolsonaro ganha 155 mil inscritos no Telegram após ordem do STF sobre app

Bolsonaro tem canal com mais de 1 milhão de seguidores no Telegram - OitoMeia
Bolsonaro tem canal com mais de 1 milhão de seguidores no Telegram Imagem: OitoMeia

Do UOL, em São Paulo

21/03/2022 18h20

Desde a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de suspender o aplicativo de mensagens Telegram, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou 155.286 inscritos em seu canal. A decisão do Supremo foi revertida ontem.

Na sexta-feira à noite, dia em que a suspensão foi divulgada, o presidente acumulava 1.086 milhão de pessoas seguindo o grupo dele no aplicativo, que é amplamente usado por bolsonaristas. Hoje, às 17h50 (horário de Brasília) o chefe do Executivo havia ultrapassado 1.241 milhão.

A decisão de suspender o Telegram foi revista ontem, quando o Telegram apagou o link no canal de mensagens de Bolsonaro que permitia que acesso dos usuários a documentos de um inquérito sigiloso da PF (Polícia Federal).

A retirada da postagem pela ferramenta russa, mas com sede nos Emirados Árabes Unidos, contudo, faz parte dos requisitos estabelecidos por Alexandre de Moraes para anular a decisão que bloqueou o uso do aplicativo no Brasil.

O Telegram também informou ao STF ter bloqueado o canal do jornalista Claudio Lessa, citado em decisões de Moraes como disseminador de notícias falsas. Na determinação, o ministro pedia o fornecimento dos dados cadastrais do criador do canal e o acesso à íntegra do conteúdo publicado nele.

O app fez a ressalva de que não armazena histórico de mensagens e publicações de usuários: "Esperamos que isso abranja os itens pendentes da carta do tribunal. Não hesite em entrar em contato conosco imediatamente se houver algum pedido de acompanhamento ou relacionado".

No despacho, Moraes ordenou ainda que o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Wilson Diniz Wellisch, seja notificado para que adote as providências necessárias para a revogação da medida em 24 horas. O ministro também determinou que as demais empresas envolvidas no processo (tais como Google, Apple e operadoras telefônicas) suspendam as ações de bloqueio do aplicativo.

Apesar da reversão, Bolsonaro voltou a criticar o ministro hoje: "É perseguição implacável para cima de mim", falou à Jovem Pan. Na sexta-feira, o presidente disse que a ordem de Moraes era "inadimissível".

O que motivou a suspensão?

Segundo o Alexandre de Moraes, o aplicativo tem ignorado ordens do Supremo desde o ano passado, especialmente em relação aos perfis de Allan dos Santos, dono do canal Terça Livre e foragido nos Estados Unidos. Para Moraes, o aplicativo tem demonstrado "total desprezo à Justiça brasileira".

Moraes afirmou que o Telegram vem descumprindo ordens judiciais desde agosto do ano passado. Naquele mês, o presidente Bolsonaro publicou na plataforma informações sigilosas sobre um ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com o objetivo de questionar a segurança das urnas eletrônicas. O STF mandou o aplicativo remover a postagem, mas não foi atendido.

Segundo afirmou a PF, o Telegram é "notoriamente conhecido por sua postura de não cooperar com autoridades judiciais e policiais de diversos países, inclusive colocando essa atitude não colaborativa como uma vantagem em relação a outros aplicativos de comunicação, o que o torna um terreno livre para proliferação de diversos conteúdos, inclusive com repercussão na área criminal".

O presidente do TSE, ministro Edson Fachin, já havia enviado um novo ofício ao fundador e dono do Telegram, Pavel Durov, pedindo a "colaboração" da empresa com o Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação.