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Laerte: O bolsonarismo é quase uma caricatura viva dependente das fake news

Colaboração para o UOL, em Maceió

21/03/2022 12h35

A cartunista Laerte, de 70 anos, afirmou, durante participação no UOL Entrevista, que o bolsonarismo se comporta de forma similar a uma "caricatura viva", que é dependente das fake news para sobreviver.

Laerte apontou essa característica do governo de Jair Bolsonaro (PL) para concordar com o ator Gregório Duvivier de que a polêmica gerada sobre o filme "Como se tornar o pior aluno da escola", de Danilo Gentili, que foi acusado de fazer apologia à pedofilia, foi uma artimanha usada pelos bolsonaristas com o intuito de gerar uma espécie de cortina de fumaça para desviar a atenção de "coisas mais sérias".

"O bolsonarismo se caracteriza por uma falta de política total, então o bolsonarismo, numa discussão política ele cai aos pedaços, ele se esboroa. O bolsonarismo depende da existência desses subfatos, precisa das fake news, depende disso, e é o que cultiva, como isso tudo é do ridículo enorme, o bolsonarismo se comporta quase como uma caricatura viva", afirmou.

Para a cartunista, a atual composição do governo federal é "ridícula, desde a figura do presidente até os 'sub-bolsonaros' que o circundam". "É tudo muito atroz, escandaloso", completou.

Durante sua fala, Laerte também reiterou que votará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano, e reforçou que fará campanha para o petista.

"Para derrotar o bolsonarismo, a eleição será primordial, mas não é só a eleição, a gente vai precisar fazer também um trabalho de reconstrução democrática e de reconstrução da ideia de um povo solidário, e não de um povo bolsonarista que compra armas, que está voltado para o individualismo exacerbado, para o conservadorismo mais estúpido. Quando conseguirmos derrotar o Bolsonaro vai começar também um trabalho de reconstrução das ideias, precisa recuperar o Brasil", declarou.

Laerte diz que ideologia de gênero é expressão mentirosa

No UOL Entrevista, Laerte foi questionada sobre as mudanças nos corpos das pessoas transexuais e sobre o futuro da transgeneridade, em que a medicina permite a realização dessas mudanças corpóreas, mas, por outro lado, há pessoas que optam por não fazer esse tipo de alteração em seus respectivos corpos.

Segundo apontou, ela acredita que a sociedade se encaminha para superar a "consagração do modelo bipolar" de corpos e que muitas pessoas querem apenas o direito de poder exercer a "liberdade de expressão dentro do campo de gênero".

Ainda, a cartunista apontou que o próprio conceito de ideologia de gênero, tema tão abordado pela direita conservadora, além de ser "uma expressão mentirosa", não deixa de ser uma espécie de "ditadura do gênero".

"A direita e o conservadorismo procuram trazer a expressão ideologia de gênero, que é mentirosa, primeiro porque ideologia de gênero é justamente estabelecer a ditadura do gênero, por assim dizer, macho e fêmea, masculino e feminino, você está em um ou em outro conforme a genitália que você tem... essa é uma noção que eu acho que a gente vem superando cada vez mais, espero que continue numa trajetória que nos encaminhe para a liberdade, amplidão de escolha", ponderou.

Por fim, Laerte recordou de um episódio em particular no qual ela foi vítima de uma violência de gênero ao ser cobrada em relação à implantação de seios. A intelectual ressaltou que, na hora, ficou sem reação, mas ela sentiu a agressão contida naquela cobrança.

"Lembro que uma vez uma pessoa praticamente exigiu que eu pusesse peito e eu não tinha posto, eu fiquei muito sem graça, não respondi, [mas] senti a agressão que existia naquela cobrança", completou.