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Legado de Bolsonaro foi devolver Moro 'ao nada', diz Gilmar Mendes

Gilmar Mendes no UOL Entrevista - UOL
Gilmar Mendes no UOL Entrevista Imagem: UOL

Do Uol, em São Paulo (SP)

22/03/2022 15h23

O decano do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, relatou hoje, em entrevista à plataforma de notícias de negócios Bloomberg Línea, um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em que afirmou que um dos legados do chefe do Executivo foi ter "devolvido" o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, o presidenciável Sergio Moro (Podemos), ao "nada".

Segundo o ministro da Corte, o presidente expressava arrependimento com a indicação do ex-juiz para a pasta da Justiça. "Olha, cometemos muitos erros, entre eles ter nomeado Sergio Moro. Se tivéssemos um ano de experiência antes, talvez não tivéssemos feito isso", teria dito Bolsonaro. Gilmar então rebateu: "Não, presidente. Entre seus legados está ter nomeado Sergio Moro ministro da Justiça e depois tê-lo devolvido ao nada."

Mendes se tornou um crítico aberto da Lava Jato, especialmente após a revelação das conversas atribuídas a juízes e procuradores, no caso conhecido como "Vaza Jato". Entre outros casos, a divulgação das mensagens solidificou o pedido, acatado pelo STF, da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de suspeição de Moro, então responsável pela operação em Brasília - o que levou os julgamentos de volta à estaca zero.

Ele ainda comentou que figuras políticas vindas do judiciário não estavam tendo sucesso. "Felizmente esses personagens não têm tido sucesso na política. Fazem um mandato e depois não conseguem mais, como o delegado Protógenes, o juiz Witzel, do Rio de Janeiro, que nem sequer conseguiu completar o primeiro mandato".

O Delegado Protógenes foi da Polícia Federal, após ganhar notoriedade se elegeu deputado federal por São Paulo pelo PCdoB em 2010. Foi condenado, em 2014, pelo STF, por vazar informações sigilosas na Operação Satiagraha. No ano seguinte foi demitido da Polícia Federal por "prevalecer-se, abusivamente, da condição de funcionário policial". Foi para Suiça, em 2016, após o país europeu conceder asilo a ele.

Já Witzel, foi eleito governador do Rio de Janeiro em 2018, mas sofreu um processo de impeachment por unanimidade em 2020, após diversas acusações de desvio de recursos públicos, inclusive na compra de respiradores durante a pandemia de Covid-19.

Moro responde

Pelo twitter, Sergio Moro rebateu as críticas feitas a ele na entrevista de Gilmar Mendes. Segundo ele, a única forma de escapar dos ataques, aos quais chamou de descabidos, seria praticando corrupção, coisa que não faria por seu compromisso com a Justiça e com o povo brasileiro.

Ciro também critica Moro

Hoje, o ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) também teceu críticas a Moro em suas redes sociais. O pedetista zombou da viagem do ex-juiz à Alemanha e disse que ele deveria meditar no Memorial do Holocausto, em Berlim.

Ciro fez referência ao comentário de Sergio Moro à época das polêmicas declarações do deputado aliado, Kim Kataguiri em um podcast, quando o correligionário de Moro disse que a Alemanha havia errado ao criminalizar o nazismo. Para o ex-juiz, a fala havia sido uma "gafe verbal".

" Será que Moro terá coragem de repetir, lá na Alemanha, que Kataguiri cometeu apenas uma "gafe verbal" ao defender esta monstruosidade?"

Ele finaliza as críticas citando o caso do Deputado Estadual Arthur do Val(sem partido), questiona a finalidade da viagem e chama Moro de "Rui Barbosa em compotas", termo já usado pelo também pedetista, Leonel Brizola, falecido ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, ao se referir a Paulo Brossard, Ministro da Justiça do governo Sarney(1985-90). Geralmente faz referência pejorativa à juristas.

Moro também rebate Lula

Ainda nas redes sociais, Sergio Moro respondeu uma postagem do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Nela, o petista falava sobre a Petrobrás, a importância das refinarias e que iria "abrasileirar" os preços da empresa, ao que Moro respondeu afirmando que bilhões teriam sido desviados da estatal nas gestões de Lula, inclusive nas refinarias. O pré-candidato à Presidência pelo Podemos ironiza, chamando Lula de "amigo" e pede que ele não subestime a inteligência dos brasileiros.