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Ribeiro liga para Lira e diz que explicará relação com pastores, diz jornal

Gravação publicada pela Folha de S.Paulo mostra ministro negociando verba da Educação com pastores - Luis Fortes/MEC
Gravação publicada pela Folha de S.Paulo mostra ministro negociando verba da Educação com pastores Imagem: Luis Fortes/MEC

Do UOL*, em São Paulo

23/03/2022 15h14Atualizada em 23/03/2022 15h25

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, ligou para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e disse que prestará esclarecimentos ao Congresso sobre as acusações de que prioriza pedidos de prefeituras indicadas por pastores.

A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Ribeiro também falou com o presidente da Comissão de Educação do Senado, Marcelo Castro (MDB-PI), que propôs que o ministro seja ouvido na próxima terça-feira (29).

"O ministro da Educação, Milton Ribeiro, me ligou hoje pela manhã para se colocar à disposição para prestar esclarecimentos na CE. Na reunião desta quinta (24), irei colocar os requerimentos em votação e vou propor ao colegiado que o ministro seja ouvido na próxima terça (29)", escreveu Castro nas redes sociais.

Com a antecipação do ministro, a votação pode se transformar em um pedido.

Ontem, Lira afirmou que Ribeiro precisava se explicar sobre o caso. "Ele tem que se explicar em relação a isso. Não pode haver dúvidas com relação à seriedade, tanto do trabalho do ministro quanto do ministério. Não ouvi o áudio, não sei da situação. Vamos ver, esperar. Cada um tem o direito de se posicionar. Se houve alguma coisa que foge do padrão do trabalho do ministro e seus funcionários, deve ter repercussão com relação a esse fato", disse em entrevista coletiva.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também disse querer ouvir as explicações do ministro. "Isso precisa naturalmente ser explicado, esclarecido e demonstrar que não houve qualquer tipo de favorecimento. Vou aguardar o desdobramento", declarou.

Nesta semana, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma gravação em que o ministro diz priorizar prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram feitos por dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Santos e Moura não têm cargo formal no MEC.

Ontem, o ministro Milton Ribeiro admitiu ter se encontrado com os pastores, mas negou que Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial a eles.

O caso colocou a permanência do ministro ameaçada no governo. No Congresso, há críticas a privilégios dados com base em indicações de líderes religiosos, em detrimento de outros municípios. "Se esse governo fosse sério, com a matéria que tem hoje, com a gravação, ele não seria mais ministro", disse o senador Omar Aziz (PSD-AM), também no plenário. "Há um discurso de honestidade, um discurso hipócrita, quando na realidade os porões de dentro do governo estão podres."

O deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, protocolou ontem um requerimento para a criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar o suposto "gabinete paralelo" do MEC.

Para o deputado, há indícios de crimes de tráfico de influência, emprego irregular de verbas públicas, advocacia administrativa, corrupção ativa e passiva e usurpação de função pública. Crimes de responsabilidade e atos de improbidade administrativa, na liberação de verbas públicas da educação pública a prefeituras pelo MEC, também são possibilidades listadas no requerimento.

*Com Estadão Conteúdo