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Site: 'Fomos expostos ao ridículo', diz Feliciano a evangélicos sobre o MEC

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) acredita que a situação do governo é ruim e não pode ser remediada - Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) acredita que a situação do governo é ruim e não pode ser remediada Imagem: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

23/03/2022 12h28

A bancada evangélica da Câmara dos Deputados se reuniu ontem para organizar uma resposta às denúncias de que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, prioriza pedidos de prefeituras indicadas por pastores. Segundo informações do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, o encontro teve muitas críticas a Ribeiro.

De acordo com o colunista, um dos mais vocais sobre o assunto durante o encontro foi o deputado e pastor Marco Feliciano (PL-SP), que considerou o episódio como grave e disse que o governo está "sangrando". Para o deputado, o áudio de Milton Ribeiro que foi divulgado pela Folha de S.Paulo na última segunda-feira (21), é "no mínimo imoral" e o ministro deveria ser afastado.

"Acham que é a bancada evangélica. E não temos nada a ver com isso. A situação ficou ruim, acho que não tem como remediar. O estrago já foi feito", afirmou. "Pesou demais sobre nós. Mais uma vez, como evangélicos, fomos expostos ao ridículo. É péssimo para nós. O ministro deve uma explicação para o Brasil todo. Eu não vejo ele [Milton Ribeiro] como aquilo que nós esperávamos que fosse", completou Feliciano.

Segundo o site, o pastor questionou a motivação dos pastores denunciados: "Se formos ouvir o ministro, é preciso chamar o prefeito para saber se de fato recebeu alguma coisa e, se recebeu, por que os pastores intermediaram. Eles facilitaram gratuitamente? Ninguém sai de uma cidade para outra, de um estado para outro, apenas para fazer uma bondade, a não ser que seja Madre Teresa de Calcutá".

O colunista apontou que Feliciano ainda comentou a nota divulgada por Milton Ribeiro negando o favorecimento: "Ninguém é louco, ninguém é bobo, né?"

A nota infelizmente é um imbróglio sem tamanho. Ele desdiz tudo o que está no áudio. É só isso. Primeiro, ninguém é louco, ninguém é bobo, né? Acredito que o próprio Parlamento vai fazer algum tipo de convocação. Eu quero ouvi-lo pessoalmente. O áudio é uma prova. É no mínimo imoral. Se eu sou o ministro neste momento, eu já teria entregado minha carta e me afastado.
Marco Feliciano (PL-SP), em reunião com a bancada evangélica

Feliciano não estava sozinho nas críticas. Outro a se manifestar na reunião foi o deputado David Soares (União Brasil-SP), que é filho do pastor R.R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus. David Soares afirmou que tem "dificuldade" no MEC (Ministério da Educação) e que será "decepcionante" descobrir que colegas faziam funções ilegais.

Precisa ser investigado. Quando falam que as pessoas estavam lá [no MEC] e através de duas pessoas [pastores] conseguiam tudo… Eu tenho a maior dificuldade no MEC. Em alguns setores do MEC, nada anda. Se está tendo espaço para pessoas agirem como lobby, isso precisa ser coibido. Será decepcionante saber que colegas nossos estavam fazendo funções ilegais.
David Soares (União Brasil-SP), em reunião com a bancada evangélica

O vice-presidente da bancada, deputado Luís Miranda (Republicanos-DF), que ganhou projeção nacional ao denunciar um esquema de corrupção na compra de vacinas contra covid-19, disse que após escutar os áudios acha difícil encontrar uma desculpa para o ministro.

"Escutando os áudios e vendo os documentos, é difícil acreditar que tenha uma desculpa para tal fato. Se nós temos esse sentimento e, a partir dos áudios, entendemos por que deputados não têm seus pleitos atendidos no MEC, não podemos criar defesa para ninguém".

Apesar das críticas, o Metrópoles apurou que ficou decidido na reunião que o grupo não pedirá esclarecimentos ao ministro e que hoje será divulgado um posicionamento da bancada. O conteúdo deste, porém, promete "não condenar", mas também não ser "omisso".

O UOL procurou os três deputados mencionados no texto, mas ainda não obteve resposta de nenhum deles.