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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Aliados de Bolsonaro veem Lollapalooza como "guerra cultural" bem feita

Pabllo Vittar carregava uma bandeira com uma foto de Lula (PT) durante show no Lollapalooza 2022 - Reprodução/Multishow
Pabllo Vittar carregava uma bandeira com uma foto de Lula (PT) durante show no Lollapalooza 2022 Imagem: Reprodução/Multishow

Colunista do UOL

30/03/2022 11h53

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O passar da régua do episódio "Bolsonaro contra o Lollapalooza" mostra como a base governista do presidente da República, comandada pelo centrão, e os integrantes do que ainda resta do "núcleo ideológico" do bolsonarismo enxergam de maneira diferente a campanha eleitoral deste ano.

Enquanto os mais tradicionais do centrão apontam desgaste de Jair Bolsonaro no episódio, a coluna apurou que no Palácio do Planalto, na família do presidente, entre conselheiros dele e entre parlamentares mais fiéis ao "bolsonarismo raiz" o ataque ao festival de música foi entendido como positivo e cumpriu papel importante ao alimentar a "guerra cultural".

O raciocínio não é rebuscado: a ação do PL, partido do presidente, contra o festival atraiu a atenção do eleitorado conservador para o tema dos costumes e lembrou a ele de que lado está Bolsonaro, conforme explicou à coluna um aliado dele. Nesse sentido, foi uma guerra cultural bem feita, independentemente da ação não ter prosperado juridicamente.

Ou seja, em linhas gerais, serviu para reforçar a posição do pré-candidato Bolsonaro contra a agenda da diversidade representada pelo "cast" do festival, por exemplo. Em redes sociais, perfis de apoio ao presidente comemoraram: "Pabllo Vittar levantando a bandeira do Lula no Lollapalooza é campanha antecipada a favor do Bolsonaro. Assim, Bolsonaro ganha no primeiro turno fácil".

Em entrevista a emissoras de rádio e em conversas com grupos religiosos, Jair Bolsonaro tem deixado claro que investirá na agenda de costumes contra o PT na eleição. Ainda que a ampla repercussão da tentativa de censurar o evento por meio da ação do PL tenha sido completamente desfavorável ao presidente, ela, ao menos, teria cumprido a missão de reforçar sua opção conservadora, diz um aliado de Bolsonaro.