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Mais três mulheres acusam vereador Gabriel Monteiro de estupro, diz TV

Vereador Gabriel Monteiro - Divulgação/Câmara do Rio
Vereador Gabriel Monteiro Imagem: Divulgação/Câmara do Rio

Do UOL, em São Paulo

03/04/2022 23h36Atualizada em 04/04/2022 15h24

Mais três mulheres afirmaram que foram estupradas pelo vereador do Rio e ex-policial militar Gabriel Monteiro (sem partido), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Todas elas pediram para não serem identificadas. As novas denúncias foram exibidas neste domingo pelo programa "Fantástico", da TV Globo. Monteiro nega as acusações.

Na semana passada, Gabriel Monteiro já havia sido acusado de cometer assédio moral, sexual e agressões físicas contra mulheres e servidores. O influencer que tem 4,6 milhões de seguidores somente no Instagram também é suspeito de manipular e forjar vídeos de suas redes sociais. O Conselho de Ética da Câmara do Rio deve decidir nesta semana se abre ou não um processo administrativo contra ele.

"Eu pedia para ele parar, porque estava sangrando. Ele não parava. E quando acabou tudo, ele perguntou se tinha sido bom", afirmou uma delas. "Eu disse: 'você simplesmente forçou a relação comigo'. 'Você não usou preservativo. Você foi agressivo'", relembrou a segunda suposta vítima. "Hoje eu tenho consciência de que eu fui estuprada. É a primeira vez que eu falo abertamente sobre isso", contou a terceira mulher.

Nos três casos, as situações são semelhantes: o sexo foi consentido, inicialmente, mas sempre acabava em agressão e violência.

Durante a entrevista, uma das moças disse ter conhecido o vereador através de um aplicativo de relacionamentos. Os dois se encontraram e mantiveram relações consensuais, mas, em determinada ocasião, ele ignorou um pedido dela para colocar a camisinha.

Antes do ato em si, ele disse que não iria pôr o preservativo. Eu questionei: 'você tem que pôr, sim, o preservativo. Nessa hora, ele ignorou tudo o que eu tinha falado e começou a relação sexual. Usou [a força física]. Ele me segurou pelos braços durante a relação sexual. E isso me impedia que eu tirasse o corpo dele encostado no meu. Na hora, ele perguntou por quê eu estava chorando. Na hora, eu não conseguir explicar o porquê eu estava chorando. Suposta vítima relata caso de abuso sexual

No dia seguinte, ela contou que iniciou o tratamento com um contraceptivo e fez exame para HIV e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

Minutos depois da exibição da reportagem, Gabriel Monteiro rebateu as acusações em uma publicação nas redes sociais.

Quanta deslealdade numa matéria só. Omitem informações (a própria mãe da garota depôs, ela mesmo disse que me falou que tinha 18 anos). Acusações dos piores crimes, sem nenhum tipo de materialidade, Nenhum. Fala que fiz uma maldade em 2017, sem qlq [qualquer] prova cara, mds [meu Deus]. Já é o 4º estupro que o Fantástico me acusa, nenhum laudo, prova, vídeo, nadaaaaa, apenas uma pessoa coberta relatando coisas que eu sinto repúdio. Uma pessoa anônima, como posso me defender disso???? Gabriel Monteiro, nas redes sociais

Em entrevista à imprensa, logo após as primeiras denúncias de assédio moral e sexual, na semana passada, Monteiro afirmou ser vítima de um complô de pessoas "que querem me destruir".

"Quando a imprensa vai falar que eu desmascarei uma empresa de guincho que ofereceu propina?", questionou. Ele afirmou ainda que ajudou a criança que foi protagonista de um dos vídeos supostamente manipulados. Esse vídeo, porém, já foi retirado das redes sociais na segunda-feira (28), pela equipe do próprio vereador.

Denúncias de assédio sexual e moral

Na semana passada, o "Fantástico" já tinha ouvido uma outra vítima que teve relações sexuais com o vereador. Segundo ela, que não foi identificada, o início da relação foi consentida, mas o ato evoluiu para estupro, porque ela diz que ele não parou quando ela pediu.

"Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedindo para ele parar, ele não respeitou o momento em que eu pedi para ele parar." Ela relatou que o vereador riu, disse que era uma brincadeira e pediu para que ela não ficasse chateada.

Ao ser questionada se ela se sentiu abusada, a mulher respondeu ao repórter: "Superabusada. Ele me machucou."

Além dela, a reportagem também ouviu servidores que são ou foram lotados no gabinete de Monteiro na Câmara e todos relataram situações de assédio sexual e moral.

"Carinho em todas as regiões do corpo. Já chegou a pedir também (na região genital, ao ser questionado pelo repórter)", contou Heitor Monteiro, ex-assessor e produtor.

"Começava a fazer alguns atos eu pedia para ele parar e não parava, de mandar eu fazer carinho nele", disse Mateus Souza, ex-assessor e editor.

Luiza Batista, ex-assistente de produção, disse que precisou procurar ajuda psiquiátrica após sete meses de trabalho para o vereador. Além de assédio sexual, ela relatou que o ambiente de trabalho tinha "pressão psicológica, xingamentos e humilhação".