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Gabriel Monteiro é acusado de forjar ataque a tiro em carro, diz jornal

Assessor e ex-assessor do vereador procuraram polícia para mudar versão sobre o caso - Flickr/Câmara Rio
Assessor e ex-assessor do vereador procuraram polícia para mudar versão sobre o caso Imagem: Flickr/Câmara Rio

Do UOL, em São Paulo

05/04/2022 08h47

Um assessor e um ex-assessor do vereador Gabriel Monteiro (PL) afirmaram à polícia que ele forjou um ataque a tiros durante uma agenda em Quintino, zona norte do Rio.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o cinegrafista Robson Coutinho da Silva, de 44 anos, e o ex-editor Heitor Monteiro, de 22, compareceram ontem à 29ª DP (Madureira) para mudarem seus depoimentos — no ano passado, eles haviam afirmado que um carro da comitiva do parlamentar, que pertence a Robson, — tinha sido atingido por disparos. Atualmente, a delegacia apura o crime de tentativa de homicídio contra o vereador e sua equipe.

Dois dias antes, Robson já havia ido à 64ª DP (São João de Meriti) prestar o mesmo depoimento. Questionado pelo jornal por que ele havia ido tão longe de onde mora (no Recreio dos Bandeirantes), ele afirmou que foi chamado pelo deputado Giovani Ratinho, cujo reduto eleitoral é na cidade, que acompanhou a ida dele à delegacia. Procurado por O Globo, Ratinho disse que acompanhou o depoimento porque recebeu denúncias anônimas sobre o caso.

Robson contou que seu carro tinha uma "perfuração pequena", causada pela queda de uma criança com o guidom da bicicleta. "Não foi tiro. Mas, quando chegou na delegacia, eu fui buscar um lanche e voltei, o Gabriel já estava dando entrevista e falando que o carro tinha sido alvejado."

Segundo o assessor, o vereador teria lhe dito que era para "deixar quieto" que ele "iria resolver tudo". Robson disse que só denunciou o caso agora porque temia que Gabriel fizesse algo contra ele ou sua família.

A versão também foi corroborada por Heitor. "Não tinha tiro. Eu posso afirmar. Ele pediu pra gente falar que teve tiros", disse o ex-assessor. Ele também acusa o vereador de assédio sexual.

De acordo com O Globo, Vinícius Hayden Witeze, de 33 anos, também prestou depoimento na madrugada de sábado, relatando ter sido orientado por Gabriel a buscar "vídeos e fotos" que pudessem "ser utilizados em prejuízo do deputado Gustavo Schmidt".

Ao jornal, Vinícius afirmou que "a mando de Monteiro criou uma equipe de P2 (informantes) para investigar desafetos". Além do deputado, ele afirma que monitorou o ex-comandante da PM Ibis Silveira Pereira e o ex-secretário estadual de Saúde do Rio Edmar Santos.

"No ano passado, eu levantei a vida do deputado Gustavo Schmidt. Eu fiz relatório e tudo. Eu e outros três funcionários. A gente ia atrás dele. Íamos a festas e tal. Monitoramos ele durante um mês. Tudo isso posso provar", disse Vinícius ao jornal.

À reportagem do jornal, Sandro Figueiredo, advogado do vereador, negou as acusações e afirma que Gabriel "jamais ele utilizou de conduta ilícita e que todas suas atitudes são pautadas na mais extrema legalidade". O UOL também procurou o gabinete do vereador, por e-mail, e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação. Já Schmidt disse que cobrará providências da presidência da Câmara dos Vereadores.

A reportagem informou que não localizou as defesas de Ibis Silva Pereira e de Edmar Santos.

Investigação quer saber se vereador usava funcionários para fins pessoais

Ainda conforme O Globo, o vereador será investigado pelo MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) em um novo inquérito, instaurado na sexta-feira (1º), para saber se ele usava servidores lotados na Câmara dos Vereadores, pagos com dinheiro público, para trabalhar na produção de vídeos dele postados nas redes sociais.

Monteiro nega que isso aconteça e diz que "paga por fora" esse serviço. No entanto, duas pessoas que trabalharam com ele disseram que recebiam da Câmara.

Ontem, os integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara participaram de uma reunião com membros do MP, com o objetivo de trocar informações com a instituição a respeito das denúncias que envolvem o vereador. O encontro contou com a participação do procurador-geral de Justiça do Rio, Luciano Mattos.

A 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Cidadania da Capital vai convocar dois ex-servidores e uma funcionária da produtora de Gabriel para prestar esclarecimentos. Caso fique comprovada a situação, ele poderá responder por improbidade administrativa.

A Promotoria também vai pedir explicações à Câmara dos Vereadores sobre a necessidade do parlamentar andar com escolta de fuzil.

Monteiro já é investigado na 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e Juventude da Capital por divulgar vídeo de uma criança em suas redes sociais.

Além da investigação do MP, o vereador também está sendo investigado, segundo o jornal, na Deam (Delegacia de Atendimento à mulher) de Jacarepaguá, em um inquérito que ele é acusado de estupro, abuso sexual e importunação sexual.

O vereador se defendeu das acusações de estupro e assédio feitas contra ele e afirmou ter "provas cabais" de não ter cometido nenhum crime.

O político também é investigado pela Dcav (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima) por constrangimento infantil ao expor imagens de uma criança em suas redes sociais. A denúncia foi feita pelo "Fantástico", da TV Globo.

Já a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) investiga o vazamento de três vídeos íntimos do vereador, entre eles um com uma menor de 15 anos. Ele alega que tinha a informação de que adolescente era maior de idade e que o ato foi consentido.

Já na 16ª DP (Barra), segundo o jornal, ele configura como envolvido em um inquérito que apura suposta tentativa de suborno que teria sido cometida pelo empresário Jailson dos Santos Salazar, dono da J.S. Salazar, responsável pela administração dos pátios e reboques da prefeitura do Rio. A justiça determinou que a delegacia envie todas as mídias que Monteiro deixou lá para o Ministério Público analisar. A promotoria quer saber se o vereador forjou o caso.