Topo

Esse conteúdo é antigo

TV: Vereador do Rio é acusado de assédio por servidores e ex-funcionários

O vereador do Rio Gabriel Monteiro - Renan Olaz/CMRJ
O vereador do Rio Gabriel Monteiro Imagem: Renan Olaz/CMRJ

Do UOL, em São Paulo

28/03/2022 09h19Atualizada em 28/03/2022 15h50

O vereador do Rio Gabriel Monteiro (PSD), 27, foi acusado de assédio moral e sexual por cinco pessoas ouvidas pela reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida ontem. Influencer com 23 milhões de seguidores e ex-policial militar, ele foi o terceiro vereador mais votado em 2020.

O Fantástico ouviu uma mulher que teve relações sexuais com o vereador. Segundo ela, que não foi identificada, o início da relação foi consentida, mas o ato evoluiu para estupro, porque ela diz que ele não parou quando ela pediu.

"Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedindo para ele parar, ele não respeitou o momento em que eu pedi para ele parar." Ela relatou que o vereador riu, disse que era uma brincadeira e pediu para que ela não ficasse chateada.

Ao ser questionada se ela se sentiu abusada, a mulher respondeu ao repórter: "Superabusada. Ele me machucou."

Além dela, a reportagem também ouviu servidores que são ou foram lotados no gabinete de Monteiro na Câmara e todos relataram situações de assédio sexual e moral.

"Carinho em todas as regiões do corpo. Já chegou a pedir também (na região genital, ao ser questionado pelo repórter)", contou Heitor Monteiro, ex-assessor e produtor.

"Começava a fazer alguns atos eu pedia para ele parar e não parava, de mandar eu fazer carinho nele", disse Mateus Souza, ex-assessor e editor.

Luiza Batista, ex-assistente de produção, disse que precisou procurar ajuda psiquiátrica após sete meses de trabalho para o vereador. Além de assédio sexual, ela relatou que o ambiente de trabalho tinha "pressão psicológica, xingamentos e humilhação".

"Ele me abraçava assim por trás, 'te amo' e não sei o que, 'você é minha amiga'. Beijava o meu rosto, saía de pênis ereto e ia mostrar para a segurança", relata.

"Uma vez, foi no carro que ele começou pedindo para fazer massagem no meu pé. Puxou meu pé e fez massagem. Eu tentava tirar o pé e ele segurava. Aí foi começando a passar a mão nas minhas pernas. Foi para o banco de trás e começou a me agarrar, me morder, me lamber", continuou ela.

"Eu queria tirar minha própria vida, porque eu me sentia culpada. Será que estou usando alguma roupa que está causando isso? Será que a culpa é minha de alguma forma? Aí eu começava a pedir a Deus para me levar", disse ainda Luiza. Ela registrou ocorrências.

Um funcionário, que também não quis se identificar, contou que era obrigado a cumprir expediente na casa do vereador, onde também presenciou cenas constrangedoras. "A gente ficava ali na frente e várias vezes ele foi na parte da frente da varanda da casa, e em outros cômodos a gente já viu também, com o órgão sexual para fora. Se vangloriando do tamanho do pênis. E mesmo se masturbando na frente de toda a equipe."

Mateus Souza contou que muitas vezes não tinha tempo para comer durante o período de trabalho, devido aos pedidos de Gabriel, e que em um ano de trabalho foi apenas uma vez à Câmara "para conhecer e tirar uma foto".

Além destas acusações, a reportagem também mostrou que Gabriel forjou cenas de seus vídeos no YouTube, como tiroteios ou ajuda a uma criança carente. No material bruto do vídeo ao qual o Fantástico teve acesso, o vereador é visto orientando uma criança a dizer que está sem comida. Na versão editada, publicada nas redes sociais dele, ele leva a menina ao shopping e ela diz que está "comendo o que mais gosta".

Procurado pelo Fantástico, o vereador negou irregularidades. "Eu não cometi estupro contra ninguém. É mais uma tentativa de acabar com Gabriel Monteiro." Sobre as agressões e xingamentos, ele diz que tem relações "praticamente" familiares com os funcionários.

Gabriel também negou ter forjado cenas de seus vídeos e, sobre a gravação com a criança, disse que ela "recebeu a maior vaquinha da vida dela".

Em nota à TV Globo, o Conselho de Ética da Câmara do Rio informou que "tomou conhecimento dos fatos pela reportagem e aguarda ter acesso ao material para se reunir e analisar o conteúdo das imagens para decidir que providencias serão tomadas".