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Bolsonaro ataca ministro do STF e insinua hipótese de favorecimento a Lula

Alan Santos/Presidência da República
Imagem: Alan Santos/Presidência da República

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

11/04/2022 13h15Atualizada em 11/04/2022 18h32

O presidente Jair Bolsonaro (PL) insinuou hoje que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e atual chefe do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, estaria agindo em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial —a eleição será realizada em outubro.

O atual governante, que será candidato à reeleição, buscou medir as palavras, mas declarou considerar que, "se depender do Fachin", "Lula será presidente da República".

Em entrevista ao podcast "Irmãos Dias", no YouTube, Bolsonaro lembrou que, há pouco mais de um ano, Fachin foi o responsável por determinar a anulação de todas as condenações proferidas contra o ex-presidente Lula pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato.

O ex-presidente tinha sido condenado em duas ações penais, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos do tríplex de Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP).

"(...) Não tem cabimento essa anulação do processo dele. Ele não foi julgado inocente. É o ministro Fachin, que está presidindo o TSE agora... Disse ele deveria ser julgado em Brasília ou em São Paulo. E anulou três condenações dele. Até a última, que foi no STF. E ele [Lula] voltou. Então, o Fachin o tirou da cadeia, o tornou elegível e está presidindo o TSE", disse Bolsonaro.

No meu entender, se depender do Fachin, ou do voto do Fachin, para ser educado aqui... Ele [Lula] será presidente da República
Jair Bolsonaro

Com a decisão do Supremo, as condenações que retiravam os direitos políticos de Lula perderam efeito e ele ficou apto a se candidatar a presidente em 2022. Antes, o petista estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa, já que ambas as condenações pela Lava Jato haviam sido confirmadas em segunda instância.

À época, Fachin entendeu que as decisões referentes a Lula não poderiam ter sido tomadas pela vara responsável pela operação (a de Curitiba, chefiada pelo ex-juiz Sergio Moro) e determinou que os casos fossem reiniciados pela Justiça Federal do Distrito Federal.

Ao podcast Irmãos Dias, Bolsonaro também afirmou hoje considerar que "Lula já loteou todo o poder" —o petista tem sido apontado pelas pesquisas de opinião como favorito para vencer a eleição de outubro, inclusive com possibilidade de triunfo no primeiro turno.

"Ministérios, bancos oficiais, estatais e agora, por último, teria loteado também as duas vagas para o STF. A mensagem que ele dá para os corruptos é uma só: fique tranquilo. Eu colocando mais dois lá você vai se safar no Supremo. Essa é a resposta. E complementa, né. Eu me safei."

Troca na Petrobras

Na mesma entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre os motivos para trocar o comando da Petrobras. Na versão dele, o "motivo principal" seria para "colocar alguém mais profissional lá dentro".

No fim de março, o governante decidiu demitir o general Joaquim Silva e Luna e indicar o economista Adriano Pires para a função. Posteriormente, Pires alegou conflito de interesses e desistiu da empreitada. O chefe do Executivo federal escolheu então José Mauro Ferreira Coelho.

"O motivo principal é que a gente precisava de alguém mais profissional lá dentro. Para poder dar transparência. A Petrobras não usa o seu marketing. Ela não fala", disse Bolsonaro, hoje. O presidente justificou o seu descontentamento dizendo que a estatal deveria explicar as circunstâncias da disparada dos preços dos combustíveis —diretamente impactados pelo preço do barril do petróleo no exterior, pela incidência de tributos e outras questões.

"Agora, fica no meu colo. Tudo fica no meu colo na questão da Petrobras. Eu não apito nada e cai no meu colo. E, obviamente, é um ponto de desgaste enorme para mim."