Chico Alves: Bolsonaro faz motociata eleitoral e joga dinheiro público fora
A motociata realizada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) rumo ao interior de São Paulo é campanha eleitoral irregular antecipada, além de significar desperdício de dinheiro público, conforme ponderou o colunista do UOL, Chico Alves.
Durante participação no UOL News, Alves apontou que a cada nova motociata realizada pelo mandatário, centenas de milhares de reais de dinheiro público são gastos, embora do ponto de vista institucional, esses atos não resultem em nenhum benefício para a população — segundo levantamento da Folha de S.Paulo, as motociatas realizadas por Bolsonaro já custaram pelo menos R$ 5 milhões de dinheiro da população.
Porém, o colunista afirmou que, tão grave quanto o desperdício de dinheiro público, é a falta de obediência do presidente que, em tese, deveria respeitar as leis, mas não tem pudores em desobedecê-las sempre que lhe convém.
"Tem esse custo para os cofres públicos, para o contribuinte, que não resulta em nenhum benefício para a população, é dinheiro público jogado fora. Mas eu acho que para a democracia, o mais grave é a falta de obediências às leis do presidente da República, simplesmente do político mais poderoso, que deveria dar exemplo de cumprimento de lei, é o que mais desobedece as leis. E no caso dessa motociata isso está na cara que é evento eleitoral", declarou.
Para Chico Alves, a presença do ex-ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP), pré-candidato ao governo de São Paulo, é prova irrefutável de que a motociata é campanha eleitoral antecipada, o que é ilegal, pois, pela legislação eleitoral as campanhas só serão autorizadas a partir de 16 de agosto. Assim, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve penalizar o presidente para que o mandatário de extrema-direita tenha obediência às leis brasileiras.
"Chamo a atenção para a leniência do TSE porque já deveria ter uma punição mais rígida para Bolsonaro", afirmou, ressaltando que o atual presidente da Corte, ministro Edson Fachin, reitera que as instituições estão atentas, "mas só o discurso não adianta, tem que ter punição".
"O tribunal está ali para julgar e o que não estiver sendo feito dentro da lei tem que ser punido. Bolsonaro sobe em palanque o tempo todo falando que tem que ser reeleito. Qual é o motivo de uma motociata? Qual a utilidade disso na administração pública? Nenhuma! Isso é pura campanha", completou, enfatizando que essa é a oportunidade de o TSE mostrar que a lei prevalece sobre todos.
Motociata bloqueia rodovia
A motociata realizada por Jair Bolsonanro com a presença de apoiadores, saindo do sambódromo da capital paulista, tendo como destino final a cidade de Americana, no interior do estado, em um total de 120 km de deslocamento, provocou a interdição da rodovia dos Bandeirantes entre as cidades de São Paulo e Santa Bárbara D'Oeste, em pleno feriado.
Segundo a concessionária Autoban, um trecho de 28 km da rodovia Anhanguera estava congestionado por volta das 11h30 (horário de Brasília) como reflexo da interdição pelo evento, entre os km 11 e 39, próximo do município de Cajamar.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o reforço do policiamento conta com um efetivo de mais de 1.900 policiais militares e resultará em um custo de R$ 1 milhão aos cofres do estado. Tanto a secretaria quanto a concessionária responsável pela rodovia informaram que não divulgariam estimativa de público.
Em junho do ano passado, os gastos da primeira motociata na capital paulista chegaram a R$ 1,2 milhão com a participação de 1.433 policiais, cinco aeronaves, dez drones e aproximadamente 600 viaturas, também de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.
Em outra motociata realizada no estado no ano passado, na cidade de Presidente Prudente, os custos foram superiores a R$ 300 mil. O efetivo foi reforçado com 450 policiais militares, drones e um helicóptero.
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