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Bolsonaro defende Exército por comprar Viagra e ataca imprensa: 'Besteira'

Do UOL, em São Paulo

14/04/2022 20h31

O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou críticas pela autorização da compra de 35 mil comprimidos de Viagra pelas Forças Armadas e os R$ 546 mil reservados para adquirir toxina botulínica, o botox, para os militares entre 2018 e 2020. Em sua transmissão ao vivo semanal, o chefe do Executivo também atacou a imprensa.

"Fiquei chateado, não como capitão do exército, mas como cidadão brasileiro. Parte da mídia atacar as Forças Armadas dizendo 'compraram Viagra, compraram 30 mil comprimidos de Viagra'... Pô, jornalistas, pelo amor de Deus, dizem que são jornalistas investigativos e escrevem uma besteira dessa", falou.

Bolsonaro tentou justificar a grande compra de Viagra, comumente utilizado para tratar disfunção erétil, reforçando que o remédio seria usado "para hipertensão arterial, entre tantas outras coisas".

Em resposta ao UOL, o Exército e a Marinha disseram que os medicamentos são para tratar hipertensão arterial pulmonar, doença rara que acomete mais mulheres que homens.

Veronica Amado, pneumologista da Comissão de Circulação Pulmonar da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), a dosagem de 25 mg como a do Viagra, não é a prevista na literatura para tratar a condição.

Na segunda-feira (11), o deputado Elias Vaz (PSB-GO), que compilou dados do portal da Transparência e do painel de preços do governo para apontar os gastos das Forças Armadas, disse que a explicação das Forças Armadas, e hoje replicada por Bolsonaro, não é convincente.

"A verdade é que o que aparenta é que as Forças Armadas têm tido um comportamento de achar que pode tudo. É muito preocupante tudo isso porque vai evidenciando claramente que existe uma falta de limite, que o pessoal das Forças Armadas não entendem que têm que estar no mesmo regramento da estrutura pública como um todo", argumentou ao UOL News.

Além do Viagra e do botox, o UOL noticiou sobre um gasto de aproximadamente R$ 3,5 milhões em compras de próteses penianas infláveis pelo Exército brasileiro.

Ao todo, foram adquiridas 60 próteses, variando de 10 a 25 centímetros, em três pregões diferentes. Todos foram homologados no ano passado. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército afirmou que apenas três próteses foram adquiridas em 2021.

Mourão banalizou compras

O vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos) minimizou a autorização dos 35 mil comprimidos de Viagra.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele disse que a repercussão do caso é "coisa de tabloide sensacionalista" e que a aquisição abasteceria as farmácias das Forças Armadas.

"Nós temos farmácias. A farmácia vende medicamentos. E o medicamento é comprado com recursos do fundo. Então, tem o velhinho aqui [aponta para si próprio]. Eu não posso usar o meu Viagra, pô? O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada", afirmou ele, que é pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul.