Frota: Sistema parou CPMI das fake news porque temos os filhos do Bolsonaro
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que o "sistema" bloqueou o andamento da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news no Congresso Nacional porque as investigações chegaram até os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) — sem especificar quais dos herdeiros do mandatário estariam envolvidos, o tucano citou nominalmente apenas o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acusado de operar o esquema de dentro da Câmara.
Em entrevista ao podcast "Flow", Frota contou que, durante as investigações, eles conseguiram descobrir que boa parte das fake news criadas pelo chamado "gabinete de ódio" eram operadas de dentro da Câmara. Porém, a Comissão foi travada devido à pandemia de coronavírus e, posteriormente, o "sistema" agiu para impedir o retorno da CPMI.
"Uma das coisas que nós descobrimos é que muitas dessas páginas eram operadas de dentro da Câmara. O Eduardo Bolsonaro era um que operava de dentro da câmara, com e-mail e computador dele", iniciou. "O problema é que a CPMI parou na pandemia e o sistema travou, [pois] não é do interesse do sistema deixar que a CPMI chegue no final, porque ela tem o nome dos filhos do presidente, de assessores, de uma série de pessoas que foram descobertas, mas, infelizmente, o sistema [parou a Comissão] só bloqueando ela", afirmou.
Frota diz não existir "vontade" dentro da Câmara para que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito seja concluída "porque chegamos a várias conclusões". Segundo pontuou, a relatora do caso, a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), tem provas documentadas sobre a atuação do gabinete do ódio, mas muitos políticos "não querem o resultado, não querem que a Lídice leia o relatório final, porque isso vai dar um problema sério para várias pessoas, como deu a CPI da Covid".
"Nós mapeamos e descobrimos um mapa da destruição das reputações. Eles escolhiam a pessoa que naquela semana seria atacada, então o primeiro grupo monta a estratégia, começa a postagem, e aí vem os militantes e aqueles que entram na onda também. Então, ela [a fake news] vai proliferando. Eles entram não só em você, [mas também] no seu trabalho, eles não sossegam", completou, ressaltando que o intuito do "gabinete do ódio" é "atacar, desqualificar, agredir, mentir sobre tal pessoal, para iniciar um processo de fritura".
Conforme o UOL mostrou em 2020, uma das páginas utilizadas pelo "gabinete do ódio" para atacar adversários do governo Bolsonaro, a "Bolsofeios", foi criada a partir de um computador do gabinete de Eduardo Bolsonaro. O perfil foi registrado a partir de um telefone utilizado pelo secretário parlamentar do filho 03 do presidente, Eduardo Guimarães. O e-mail utilizado foi "eduardo,gabinetesp@gmail.com", endereço utilizado pela assessoria do parlamentar para a compra de passagens e reservas de hotéis.
Em depoimento à Comissão, a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) já havia dito que a "Bolsofeios" pertencia a Eduardo Guimarães e apontou o 03 como um dos "líderes dos ataques virtuais". Foi a parlamentar que tornou público o "gabinete do ódio".
A página apócrifa tinha como alvos jornalistas, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PSDB-RJ), e adversários políticos da família Bolsonaro.
Diferente de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a CPMI envolve parlamentares do Senado e da Câmara. Instaurada em 2019, a CPMI das fake news é composta por 16 senadores e 16 deputados federais. Quando criada, a investigação teve como foco a atuação de perfis contra a honra e a segurança de pessoas e instituições, além do uso de fake news via redes sociais nas eleições de 2018, que culminou na vitória de Jair Bolsonaro.
Porém, devido à pandemia de covid-19, a CPMI das fake news teve os trabalhos paralisados no primeiro trimestre de 2020. Em abril daquele mesmo ano, o prazo para o encerramento foi prorrogado por 180 dias. No começo deste ano, a relatora Lídice da Mata e o presidente do colegiado, senador Angelo Coronel (PSD-BA), defenderam a retomada da Comissão, mas com foco nas eleições de 2022, para averiguar a ação de grupos no pleito de outubro, além de focar em propostas para combater a desinformação.
Até o momento, porém, a CPMI permanece paralisada e os trabalhados não devem ser retomados, pois, segundo O Antagonista, a CPMI deve ser encerrada sem que seja realizada a leitura do relatório final. Os motivos para isso seriam dois: as eleições gerais de outubro, que esvazia o Congresso, e a atuação do governo, que hoje tem maioria entre os 32 parlamentares que compõem a Comissão.
Além da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, o STF também está debruçado sobre as investigações do uso das fake news para interferir no sistema político do país — a ação, sob comando do ministro Alexandre de Moraes, foi instalada em 2019. No ano passado, o magistrado da Corte incluiu o presidente Jair Bolsonaro como um dos investigados no inquérito.
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