Milton Ribeiro obteve porte de arma de fogo 5 meses após tomar posse no MEC
A PF (Polícia Federal) emitiu autorização para porte de arma de fogo ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro em dezembro de 2020 —cinco meses depois de ele ter assumido o comando da pasta no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Indicado ao posto por sua formação religiosa, o pastor presbiteriano tem em seu nome uma pistola Glock, calibre 9mm, com licença válida até 2025.
Documentos aos quais o UOL teve acesso mostram ainda que a PF deferiu o pedido de porte duas semanas depois de o então ministro ter protocolado requerimento pela internet. O tempo médio estimado para a prestação desse serviço é de 31 a 60 dias, segundo o governo federal.
Após a publicação desta reportagem, o UOL questionou a PF, o Palácio do Planalto e a defesa de Milton Ribeiro sobre a celeridade do processo. Em caso de manifestações, o texto será atualizado.
PF apura disparo acidental
Milton Ribeiro é alvo de procedimento preliminar em que a PF apura o disparo acidental de arma de fogo num aeroporto de Brasília, no fim da tarde de ontem. Em depoimento à corporação, o ex-ministro afirmou que, depois de abrir sua pasta de documentos, pegou a arma para separá-la do carregador "dentro da própria pasta" —momento em que teria ocorrido o disparo.
Segundo Ribeiro, por medo de expor sua arma de fogo publicamente no balcão, ele teria tentado desmuniciá-la dentro da pasta. O disparo aconteceu enquanto o ex-ministro era atendido num balcão da Latam. Uma funcionária da empresa aérea Gol que estava num guichê próximo foi atingida por estilhaços decorrentes do tiro acidental.
"Como havia outros objetos dentro da pasta, o local ficou pequeno para manusear a arma", justificou o ex-ministro. "O projétil atravessou o coldre e a pasta e se espalhou pelo chão", disse.
'Incidente foi por cuidado excessivo', diz defesa
O advogado Luiz Carlos Neto, que atua na defesa de Milton Ribeiro, afirmou ao UOL que a PF já devolveu a arma de fogo ao ex-ministro. Ele informou que o ex-chefe do MEC se deslocava de Brasília para São Paulo em razão da mudança de domicílio, após entregar o apartamento funcional.
Milton deixou o cargo em 28 de março, uma semana depois da divulgação de áudio em que ele afirmava que o governo federal priorizava prefeituras ligadas a dois pastores que não têm vínculo formal com a gestão pública.
Quando assumiu a pasta, em julho de 2020, ele era visto como um perfil discreto em relação ao antecessor Abraham Weintraub.
Leia a íntegra da nota de defesa de Milton Ribeiro em relação ao disparo da arma de fogo:
"A arma já foi devolvida pelo delegado da Polícia Federal ao ex-ministro Milton Ribeiro porque prevaleceu o entendimento de que tudo não passou de um acidente provocado por um cuidado excessivo de não tirar a arma de dentro do bolso em público, a fim de não expor nem constranger as pessoas presentes —e também devido ao zelo de não circular com sua arma carregada.
Trata-se de um incidente passado, que não afetou ninguém e que ocorreu enquanto ele deixava seu apartamento funcional, em Brasília, durante processo de mudança para São Paulo."
- Assista ao UOL News e veja comentários dos colunistas Josias de Souza e Wálter Maierovitch sobre o disparo de arma de fogo acidental por Milton Ribeiro:
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