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Eduardo Bolsonaro esteve em reunião com empresa árabe de espionagem

Deputado Eduardo Bolsonaro  - Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados
Deputado Eduardo Bolsonaro Imagem: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

01/06/2022 18h55

O deputado federal e filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PL), integrou a comitiva brasileira em uma reunião com o Grupo Edge, estatal dos Emirados Árabes Unidos acusada de ser dona de um grupo de espionagem e que utilizam a tecnologia DarkMatter, amplamente utilizada em regimes autoritários para vigiar opositores.

O encontro foi noticiado pelo site Brasil de Fato e confirmado pelo UOL.

A reunião aconteceu no dia 26 de maio, na sede da empresa, em Abu Dhabi. Com ele, estavam representando o Brasil o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Flávio Rocha, e o secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut Pontes.

O próprio Eduardo não fez nenhuma menção à reunião nas redes sociais, mas divulgou outras agendas na região, como um campeonato escolar de futebol em um estádio da Copa de 2022. Ele participou da entrega das medalhas.

Diferente do deputado, a agência de notícias árabe Emirates News Agency registrou o encontro no Twitter.

A publicação diz que a empresa recebeu uma delegação "diplomática, militar e comercial de alto nível do Brasil para discutir formas de cooperação nas áreas de intercâmbio de conhecimento, pesquisa e desenvolvimento, defesa e tecnologia avançada. A visita reflete a importância estratégica da cooperação em curso entre os Emirados Árabes Unidos e o Brasil".

A plataforma DarkMatter já foi utilizada pela Arábia Saudita e o próprio Emirados Árabes e surgiu no contexto da primavera árabe, como é conhecida a onda de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África a partir de dezembro de 2010. Ela foi desenvolvida por ex-integrantes da CIA e hackers de Israel.

Essa ferramenta permite que dispositivos sejam hackeados e que se tenha acesso a todas informações do aparelho em questão e sem que haja qualquer suspeita no usuário. Até mesmo equipamentos desligados podem ser invadidos.

Como revelado pelo UOL no começo do ano, um integrante do chamado "gabinete do ódio" estava em um evento em Dubai e entrou em um stand de Israel, que funcionou pelo primeiro ano no local, com o interesse na ferramenta espiã, para ser usada, em especial, neste ano eleitoral.

"Gabinete do ódio" é o nome dado a um grupo de assessores que trabalham no Palácio do Planalto com foco nas redes sociais, inclusive na gestão de páginas de apoio à família Bolsonaro que difundem desinformação e atacam adversários políticos do presidente.

O integrante do gabinete, seria perito em inteligência e contrainteligência e também fazia parte da comitiva presidencial. Ele conversou com um representante da empresa DarkMatter e respondia extraoficialmente ao vereador carioca Carlos Bolsonaro.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) chegou a entrar com pedidos de informação ao governo para saber mais sobre a tentativa do "gabinete do ódio" de adquirir a ferramenta espiã DarkMatter.

Procurada, a assessoria de Eduardo Bolsonaro não respondeu.