Sakamoto: Nos EUA, Bolsonaro fala de buscas no AM com credibilidade zero
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem zero credibilidade ao dizer que as buscas pelo jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira, que sumiram na Amazônia em 5 de junho, ocorrem de forma "incansável", afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto. A declaração foi feita hoje na Cúpula das Américas, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
"Bolsonaro falar que está mandando centenas de pessoas e tudo está sendo feito é do mesmo nível de credibilidade que temos quando ele diz que está fazendo tudo para combater a inflação ou a covid: zero", disse Sakamoto, durante participação no UOL News. "Temos dois dígitos de inflação, 33 milhões de famintos e 600 mil mortes por covid. Então, é nível zero de credibilidade."
Ontem, o presidente da República reagiu no Twitter às cobranças para se intensificarem as buscas por Phillips e Pereira.
"Instruí meus auxiliares a não se distraírem com narrativas midiáticas para que possam concentrar todas as energias no monitoramento dos trabalhos e nas buscas", escreveu Bolsonaro. "Esses oportunistas só querem se promover com o caso. Nós queremos solucioná-lo e levar conforto aos familiares."
Para Sakamoto, Bolsonaro, na verdade, instruiu auxiliares a "atacarem" pessoas como o indigenista, um servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio).
"Ele instruiu ministros de Estado durante um bom tempo a criticar e atacar pessoas como o Bruno, exonerado do cargo por pressões de auxiliares do presidente da República", afirmou o jornalista. "Porque ele estava cumprindo o trabalho dele e criando problemas para o eleitorado de Bolsonaro, grileiros e criminosos ambientais."
O colunista do UOL acrescentou que Bolsonaro "fez a egípcia" ao demorar para começar as buscas pelos desaparecidos no Amazonas, que só foi iniciada após pressão da imprensa nacional e internacional, além de governos.
"[Ele] manda meia dúzia de lanches, dois helicópteros e acha que está tudo bem. Oportunista, como diz o presidente, é ele, que, na verdade, utiliza um discurso ambiental bonito lá em Los Angeles, mas aqui no Brasil isso não vale nada."
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