Lula e Ciro celebram esquerda na Colômbia; Bolsonaro não se pronuncia
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) celebraram a vitória do senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro como primeiro presidente da esquerda da Colômbia. Por outro lado, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), ainda não se manifestou. Petro foi eleito presidente ontem.
Nas redes sociais, Lula chamou Petro de companheiro e disse que sua eleição no país vizinho fortalece a democracia na região.
Felicito calorosamente os companheiros @petrogustavo, @FranciaMarquezM e todo o povo colombiano pela importante vitória nas eleições deste domingo. Desejo sucesso a Petro em seu governo. A sua vitória fortalece a democracia e as forças progressistas na América Latina. Lula, em seu perfil no Twitter
Já Ciro Gomes escreveu que "é sempre motivo de alegria quando um dinossauro de direita some do mapa".
Parabéns aos colombianos e ao presidente eleito Gustavo Petro. É sempre motivo de alegria quando um dinossauro de direita some do mapa. Mas para a esquerda, não basta vencer. É preciso governar bem. Só assim os monstros não voltam. Ciro Gomes
Depois de quatro décadas de luta, primeiro em armas e depois na democracia, um revolucionário de óculos que sobreviveu à tortura e ao exílio mudou a História da Colômbia. Aos 62 anos, Gustavo Petro foi eleito o primeiro presidente de esquerda do país.
Em sua terceira tentativa de chegar à Presidência, Petro derrotou o empresário Rodolfo Hernández, de 77 anos.
Petro militou no M-19, uma guerrilha nacionalista de origem urbana que assinou a paz em 1990. Admirador do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, na clandestinidade adotou o nome Aureliano, em homenagem ao personagem de "Cem Anos de Solidão".
Foi detido e torturado pelos militares e ficou preso por um ano e meio. Sempre foi um combatente "medíocre", de acordo com seus ex-companheiros de armas.
Em sua biografia, destaca: "Nunca senti, ao contrário de muitos de meus companheiros, uma vocação militar (...) o que eu queria era fazer a revolução".
Sua "opção preferencial pelos pobres", sustenta, não provém do marxismo, mas da teologia da libertação.
Candidato pelo Pacto Histórico, endossa a defesa do meio ambiente. Ele propõe parar a exploração de petróleo (cujo comércio representa 4% do PIB) em uma "transição" para as energias limpas.
Petro quer fortalecer o Estado e cobrar mais impostos dos ricos. Antes do segundo turno, mostrou-se um político moderado, próximo do povo e do feminismo.
"Quando subia em um palanque e falava por uma hora e meia (...), o que fazia era aprofundar em detalhes seu modelo econômico (...) e isso se torna um pouco sofisticado", admite Alfonso Prada, diretor de debates do esquerdista.
Diante dos temores que desperta, Petro prometeu que não tentará a reeleição por reforma constitucional, nem será motivado por vinganças pessoais, e que respeitará a propriedade privada.
"Digo enfaticamente que nunca pensei, nem vou pensar em confiscar ou menosprezar" os bens, afirmou.
Sua filha, Sofía, assegura que Petro "é um homem em desconstrução".
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