No AM, Bolsonaro desfila de moto sem capacete e ignora Dom e Bruno em fala
O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou hoje (18) Manaus, capital do Amazonas. De tarde, o chefe do Executivo participou de uma motociata, novamente sem capacete. Ao falar com apoiadores, ignorou os assassinatos do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no estado.
Hoje, a polícia revelou que ambos foram mortos com armas de caça e um terceiro suspeito foi preso, mas Bolsonaro se eximiu de comentários sobre o crime e as investigações. Seu discurso foi direcionado aos motociclistas.
"Motociclistas aqui presentes: muito obrigado por essa gigantesca motociata que acabamos de realizar, dando mais luz e vida a esse momento de adoração", falou em seu pronunciamento no palco.
Bolsonaro disse que o uso de motocicletas tem impactado positivamente a economia do estado "aumentando a montagem e a produção de motos na Zona Franca de Manaus".
O presidente chamou atenção para "como temos tratado os motociclistas" e reforçou sua intenção de impostos zerados para quem viaja com esse meio de transporte. "Estimulamos o uso desse veículo e Manaus ganha com isso", afirmou.
Na live dessa quinta-feira (16), o mandatário mencionou rapidamente o caso de Bruno e Dom, mas sem citar o nome deles, ao criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano.
"O Lula acabou de falar que, aproveitando esse caso lamentável, onde os corpos apareceram, gostaria que encontrassem vivos as pessoas, mas apareceram os corpos do inglês e do brasileiro, o Lula falando que caso eleito ele vai impor desmatamento zero na Amazônia", falou.
Andamento do caso Bruno e Dom
Hoje, a PF (Polícia Federal) prendeu o terceiro suspeito de envolvimento nas mortes de Bruno e Dom. Jefferson da Silva Lima, conhecido também como Pelado da Dinha, se entregou para as autoridades hoje após saber pela sua família que a polícia o procurava.
Segundo a corporação, ele será interrogado e, em seguida, encaminhado para audiência de custódia. Ele é apontado como alguém que participou diretamente do duplo homicídio e ajudou na ocultação dos corpos. Lima se apresentou por volta das 6h na Delegacia de Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas.
Além de Lima, a PF prendeu primeiro o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, que confessou ter esquartejado e enterrado os corpos. Depois, o irmão dele, Oseney de Oliveira, foi preso, mas negou envolvimento no duplo homicídio.
O pescador que levou a polícia até o local onde estavam os restos dos corpos de Dom e Bruno. O material foi enviado para análise na quinta-feira (16). Ontem, a PF confirmou que as partes encontradas eram de Dom e hoje o outro corpo foi identificado como de Bruno.
Quem são as vítimas?
Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, ele veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas e suas terras.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou a dupla.
Bruno, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), era conhecido como um defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiros. Em entrevista ao UOL, o líder indígena Manoel Chorimpa afirmou que o indigenista estava preocupado com as ameaças de morte que vinha sofrendo.
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