Delegado da PF diz que Milton Ribeiro estava 'ciente' de buscas
O delegado da Polícia Federal Bruno Calandrini afirmou que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, "estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência" e que recebeu a informação "supostamente" através de ligação recebida do presidente Jair Bolsonaro (PL).
As informações constam em despacho enviado por Calandrini à Justiça Federal e obtido pelo UOL. Mais cedo, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, encaminhou o caso para o STF (Supremo Tribunal Federal) após suspeita de interferência de Bolsonaro.
Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha Juliana que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República"
Bruno Calandrini, delegado de Polícia Federal
Segundo Calandrini, as intercepções telefônicas detectaram três conversas que chamaram a atenção da PF; a primeira entre Milton Ribeiro e Waldomiro de Oliveira Barbosa Júnior, no dia 3 de junho, outra entre Ribeiro e um homem identificado como Adolfo em 5 de junho e a fala entre o ex-ministro e sua filha, Juliana Pinheiro Ribeiro de Azevedo, no dia 9 de junho.
Também é citada uma conversa de Milton Ribeiro com sua esposa, Myrian Pinheiro Ribeiro, no dia 22 de junho -- data em que o ex-ministro foi preso.
"As transcrições das conversas datadas acima evidenciam que Milton Ribeiro estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e externa preocupação com os pastores Gilmar e Arilton", disse Calandrini. "Isso posto, os indícios de vazamento são verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado".
Foi a conversa entre Milton Ribeiro e sua filha que levou o MPF a apontar suspeita de interferências de Bolsonaro nas investigações.
No diálogo, Ribeiro diz que recebeu informações de Bolsonaro sobre uma possível operação. A conversa foi divulgada pela GloboNews e obtida pelo UOL.
"A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Milton.
A filha pergunta: "Ele quer que você pare de mandar mensagens?"
E Ribeiro responde: "Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?".
O UOL entrou em contato com o Palácio do Planalto, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto a manifestações.
O advogado de Ribeiro, Daniel Bialski, afirmou por meio de nota que o áudio foi realizado antes da deflagração da operação e questionou a competência da Justiça Federal em Brasília em julgar o caso, após a investigação ser enviada ao STF.
Para ele, tudo indica que há motivos para anular ao menos parte das decisões da operação. "Causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação", afirmou. "Se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência", disse.
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