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Jornal: PF pediu quebra de sigilo de '04' para apurar tráfico de influência

Do UOL, em São Paulo

27/06/2022 10h20Atualizada em 27/06/2022 12h52

A PF (Polícia Federal) pediu a quebra do sigilo telemático (dados telefônicos e de internet) de Jair Renan, filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PL), suspeito de tráfico de influência, segundo informação publicada nesta segunda-feira (27) pelo jornal O Globo. O pedido, no entanto, foi rejeitado pela Justiça Federal do Distrito Federal.

De acordo com a publicação, o objetivo da ação apresentada ainda no fim do ano passado era obter acesso a dados, como e-mails, diálogos salvos em nuvem e outros tipos de arquivos, do 'filho 04' de Bolsonaro e de outros suspeitos.

O juiz Ricardo Leite, substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, porém, rejeitou o pedido feito pela PF sob a justificativa de que os elementos apresentados pelos investigadores eram insuficientes. Procurado por O Globo, o magistrado afirmou que "não se manifestaria porque a investigação está sob sigilo".

A PF investiga se Jair Renan atuou para ajudar empresários com o governo federal em troca de patrocínios. Em depoimento, o filho '04' do presidente negou que tenha praticado tráfico de influência e declarou que "outras pessoas usaram seu nome para ganhos pessoais".

Segundo O Globo, uma das mensagens analisadas pela corporação é um áudio de WhatsApp enviado pela arquiteta Tânia Fernandes, responsável pela reforma do escritório do jovem em Brasília e por desenvolver um projeto de parceiros comerciais dele no Espírito Santo.

Na gravação, ela diz que "seria muito interessante" a presença de Jair Renan em uma agenda com empresários no Palácio do Planalto, sede do governo federal, "porque o teu acesso [ao presidente] é mil vezes mais fácil". Questionada pelo jornal, a arquiteta confirmou o pedido, mas disse que Jair Renan não quis se envolver e não realizou nenhuma intermediação com o governo.

Conforme a reportagem, em setembro de 2020, Jair Renan esteve no Espírito Santo para conversar com empresários interessados em patrociná-lo e fazer negócios com o governo. A reunião visava apresentar-lhe um modelo para a construção de unidades habitacionais em pedra de granito.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, um dos parceiros do projeto diz a Jair Renan: "O seu pai, que está à frente desse governo, vai certamente aprovar e vai agradecer por essa iniciativa".

Cerca de dois meses depois, em novembro de 2020, um desses empresários conseguiu se encontrar com Rogério Marinho, então ministro do Desenvolvimento Regional, para falar sobre o tema. Segundo O Globo, nota divulgada pela pasta informou que a reunião foi solicitada por Joel Fonseca, assessor especial da Presidência da República. Jair Renan, Tânia Fernandes e Allan Lucena, sócio de Jair Renan à época, também estiveram presentes.

Questionado sobre essa audiência, '04' disse que foi a convite dos participantes e "entrou mudo e saiu calado".