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SP: Prefeito diz suspeitar de 'golpe' em motociata anunciada com Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

05/07/2022 09h48Atualizada em 05/07/2022 14h28

O prefeito de Dracena, André Lemos (Patriota), afirmou em publicação nas redes sociais que suspeita de um "golpe" nos anúncios de uma motociata na cidade com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) na próxima quinta-feira (7).

Em um vídeo que Lemos diz ter recebido de Renato Bolsonaro, irmão do presidente, o familiar diz que o chefe do Executivo federal não confirmou que vai comparecer ao evento, chamado de "Acelera para Cristo". Em abril deste ano, Bolsonaro participou da segunda edição dessa motociata.

O evento é anunciado pelo organizador Jackson Vilar, com falas dos ex-ministros Tarcísio de Freitas (Republicanos), pré-candidato ao governo de São Paulo, e Marcos Pontes (PL), que será candidato a deputado federal pelo estado.

"Tomara que essa motociata aconteça, que tenha bastante gente, bastante verde e amarelo, e bastante alegria. Mas organizar um evento com base em mentira? Isso não pode. Eu jamais aceitaria e compactuaria com isso", afirmou o prefeito de Dracena em um vídeo publicado no Facebook

Segundo Lemos, Vilar já entrou em contato anteriormente para dizer que levaria Bolsonaro para participar do evento e que o organizador pediu dinheiro para que a motociata fosse feita. O prefeito afirma que Dracena não tem condições de segurança para receber o presidente.

Eu já sei que o avião presidencial não pousa em Dracena, o nosso aeroporto não comporta. Então isso já me chamou atenção. A segunda questão: como que vai se fazer uma motociata com o presidente daqui até Pereira Barreto, sendo que não tem segurança nenhuma na nossa estrada? É uma estrada simples de mão dupla, onde qualquer acidente poderia tirar a vida do presidente. André Lemos, prefeito de Dracena.

"Então eu questionei ele e ele falou: "Deixa comigo". E meu pediu 15 mil reais para fazer esse evento. [...] Então eu percebi que eu poderia estar caindo num golpe, numa roubada. Eu ia pedir dinheiro por aí e depois o presidente podia não vir. Quem ia passar vergonha seria eu", completou o prefeito — ele diz achar que Vilar conseguiu patrocinadores para a motociata.

No vídeo enviado ao prefeito da cidade do interior de São Paulo, Renato, irmão de Bolsonaro, diz que "o presidente não estará em Dracena". "Se estão fazendo a motociata dizendo que o presidente estará, não é verdade. Isso nunca foi confirmado nem cogitado", afirmou.

Então, se vocês quiserem participar da motociata em homenagem ao presidente e ao Brasil, das cores verde e amarela, beleza, à disposição. Mas a presença do presidente não está confirmada, como nunca foi confirmada. Ninguém está autorizado a falar em nome do presidente dizendo que ele irá nessa motociata, sem o consentimento dele. Renato Bolsonaro, irmão do presidente Jair Bolsonaro (PL)

O UOL entrou em contato com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) para confirmar se Bolsonaro vai à motociata e aguarda retorno. A agenda pública disponibilizada no site do Planalto ainda não consta compromissos para a data marcada para a motociata.

Segunda edição teve críticas ao WhatsApp e ao TSE

Na segunda edição da motociata "Acelera para Cristo", realizada em abril deste ano, Bolsonaro transformou o evento em palanque para criticar o WhatsApp e ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na ocasião, o percurso foi de São Paulo a Americana.

À época, o aplicativo de mensagens firmou acordo com a Corte eleitoral para não liberar novas ferramentas na plataforma antes das eleições. Uma das novas funções permitiria o envio de mensagens a um número maior de pessoas de uma só vez.

"Não vai ser cumprido esse acordo que porventura eles tenham feito com o Brasil", disse o presidente, sem dizer que medidas seriam tomadas por seu governo para forçar a liberação dos novos recursos antes das eleições. Bolsonaro também chamou a medida de "cerceamento, censura, discriminação". "Isso não existe. Ninguém tira o direito de vocês, nem por lei", falou para os apoiadores.